Laudo da perícia técnico científico aponta PM como autor do disparo fatal em praça durante perseguição
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Edneia Fernandes Silva foi atingida por uma bala perdida que partiu da arma de um policial militar, durante a Operação Verão. |
Edneia Fernandes Silva, de 31 anos, perdeu a vida tragicamente ao ser atingida por uma bala perdida enquanto estava sentada em um banco de praça na cidade de Santos, durante a Operação Verão, em março deste ano. O laudo da Polícia Técnico-Científica revelou que o disparo foi efetuado por um policial militar. A conclusão da perícia levou à instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM), que será encaminhado à Justiça Militar para a devida continuidade do processo judicial.
Em entrevista a uma emissora de televisão local, o chefe da Comunicação Social da Polícia Militar, Coronel Emerson Massera, explicou que a ocorrência se iniciou com a perseguição de suspeitos, os quais dispararam cinco vezes contra os policiais. Em resposta, um dos policiais efetuou um único disparo, o qual acabou atingindo fatalmente a senhora Edneia.
"Um dos policiais, para se defender, efetuou apenas um disparo. Só esse policial efetuou o disparo e a perícia identificou que justamente esse disparou atingiu a senhora Edneia, o qual nós lamentamos muito", afirmou o Coronel Massera.
O policial responsável pelo disparo foi afastado e transferido para outro batalhão no litoral paulista. O Coronel Massera ressaltou que não há elementos suficientes para solicitar a prisão preventiva do policial, uma vez que o caso está sendo tratado como homicídio culposo, quando não há a intenção de matar.
O Caso
De acordo com Thayna Santos, prima de Edneia, a vítima estava internada em estado grave desde o incidente, ocorrido por volta das 18h do dia 27 de março, na Praça José Lamacchia, bairro Bom Retiro. A morte de Edneia foi confirmada na noite do dia seguinte, 28 de março. Conforme o boletim de ocorrência, Edneia estava conversando com uma amiga no banco da praça, após ter deixado um dos seus seis filhos no barbeiro.
Thayna criticou a postura da PM, alegando que não havia uma operação que justificasse o disparo. "Não houve operação, só três motos da Rocam que passaram [...]. Um único tiro vindo do policial foi o que atingiu ela", afirmou.
Após o disparo, testemunhas socorreram Edneia e a levaram à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Noroeste. Posteriormente, ela foi transferida para a Santa Casa de Santos. O boletim de ocorrência relata que policiais da Rocam realizavam patrulhamento em motos na Avenida Hugo Maia, quando avistaram uma motocicleta em alta velocidade. Ao pedirem para o motociclista parar, este não obedeceu e fugiu em direção à praça.
Para resguardar a equipe, os policiais interromperam a perseguição e estacionaram no cruzamento da Avenida Hugo Maia com a Jovino de Melo. Nesse momento, o motociclista e seu passageiro teriam disparado cinco vezes contra os agentes, levando um dos policiais a reagir com um único disparo, que infelizmente atingiu Edneia.
Após abandonar a moto e fugir para um beco na praça, os suspeitos continuaram a disparar contra os policiais, que acessaram a praça pelo lado oposto. A motocicleta foi encontrada sem a chave na ignição e, após consulta no sistema, foi constatado que não havia queixas de crimes envolvendo o veículo. No baú da moto, foram encontrados um conjunto de capa de chuva preto, um boné vermelho e um carregador de celular.
O caso foi registrado inicialmente como homicídio tentado e localização e apreensão de veículo na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Santos. A pistola do policial que efetuou o disparo foi apreendida para perícia, e um exame residuográfico foi requisitado para suas mãos. Os suspeitos permanecem foragidos e o veículo foi encaminhado para as dependências do 7º Distrito Policial (DP).
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