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Acordem, autoridades!: Crianças ignoram riscos e mergulham em obras de piscinão em Guarujá, enquanto autoridades assistem à imprudência

 A falta de segurança em obras públicas na Baixada Santista transforma áreas em verdadeiros playgrounds, expondo crianças ao perigo iminente

Crianças arriscam suas vidas ao nadarem em águas de obra de piscinão em Guarujá, expondo a falta de segurança no local. Foto: Divulgação.

A cena é familiar para quem acompanha o noticiário da Baixada Santista: uma obra pública, uma promessa de melhora estrutural, mas o caos e o descaso tomam conta do cenário. Desta vez, o palco é o piscinão que está sendo construído no bairro Vila Edna, em Guarujá. O que deveria ser um projeto de controle de enchentes, financiado com dinheiro público e destinado a proporcionar segurança aos moradores, tornou-se uma atração de verão. Não, não estou falando de uma nova área de lazer devidamente estruturada pela Prefeitura, mas sim de crianças que, sob o olhar complacente das autoridades e da sociedade, aproveitam o espaço da obra inacabada para mergulhos imprudentes.

A ironia é cruel: a mesma obra que visa prevenir desastres pode agora ser cenário de tragédias anunciadas. Sem qualquer tipo de isolamento ou segurança, o local transformou-se em uma piscina improvisada, com crianças nadando e brincando em águas turvas, ignorando os riscos óbvios à saúde e à vida. Afinal, quem precisa de clubes e parques aquáticos quando se tem um piscinão inacabado para se divertir?

As imagens de jovens nadando nas águas da obra viralizaram, e a resposta das autoridades segue a cartilha tradicional: nota de esclarecimento. A Prefeitura de Guarujá afirma que os serviços estão em andamento e que a obra está devidamente sinalizada. Contudo, basta uma breve visita ao local para constatar que a realidade é outra. O isolamento da área é claramente insuficiente, e as placas de aviso, caso existam, passam despercebidas ou são ignoradas. Enquanto as crianças veem ali uma chance de diversão, os adultos em volta assistem ao espetáculo com uma mistura de despreocupação e apatia, como se o perigo fosse um detalhe irrelevante.

Neste jogo de empurra, onde todos parecem ter uma desculpa pronta, a falta de fiscalização efetiva é o ponto mais evidente. Mesmo com a alegada sinalização, o que impede que crianças entrem em uma área de obra? Quem deveria estar zelando pela segurança pública neste caso? O mais assustador é a conivência coletiva, onde até os pais, principais responsáveis por protegerem seus filhos, parecem fechar os olhos para o perigo, como se mergulhar em uma construção fosse algo natural.

A situação remete a uma discussão mais ampla sobre o cuidado com espaços públicos em fase de construção ou manutenção. Afinal, o que garante a segurança de uma obra se não houver fiscalização adequada? O Brasil já testemunhou tragédias suficientes causadas por falta de controle em áreas de risco. A combinação de negligência governamental com a imprudência popular é um coquetel explosivo que, em muitos casos, culmina em acidentes evitáveis. E quando o foco do perigo é uma criança, o desastre assume proporções ainda mais lamentáveis.

O discurso oficial de que "medidas serão tomadas" é repetido à exaustão. No entanto, é uma espécie de mantra inócuo, que já não provoca reação na população. A cada nova promessa de fiscalização, uma nova infração é cometida, e a cadeia de irresponsabilidade segue firme, enquanto as crianças continuam a transformar o piscinão em um parque aquático clandestino.

O problema, claro, não se limita a Guarujá. Obras públicas abandonadas, mal sinalizadas ou sem isolamento adequado são uma constante em diversas cidades brasileiras. A Baixada Santista, em particular, tem sido cenário de episódios semelhantes, onde o risco é subestimado até que um acidente ocorra. Só então, as autoridades são pressionadas a agir – em muitos casos, tarde demais.

Vale lembrar que o piscinão em questão faz parte de um projeto maior de controle de enchentes, um problema crônico na região. As chuvas intensas costumam transformar as ruas em rios, afetando diretamente a vida de milhares de moradores. A obra, portanto, não é apenas um capricho da Prefeitura, mas uma necessidade real. E se o projeto é essencial para evitar desastres futuros, a sua execução não pode ser feita de maneira relapsa.

A negligência na condução de obras públicas, no entanto, não é novidade. Sempre há um elo fraco na corrente, seja no planejamento, na execução ou na fiscalização. E é nesse vácuo de responsabilidade que tragédias se desenrolam, enquanto os responsáveis procuram argumentos para justificar o injustificável.

O custo de obras mal fiscalizadas vai muito além do financeiro. O verdadeiro preço é pago em vidas e saúde. A exposição de crianças a riscos evitáveis, como os observados, é um retrato cruel de como a inércia pode ter consequências graves. A sociedade, como um todo, parece anestesiada, aceitando o risco como parte do cotidiano. Até quando? Até que ponto será necessário chegar para que medidas efetivas sejam implementadas?

Se os moradores de Vila Edna e arredores aguardam que o piscinão cumpra sua função de proteger contra enchentes, é razoável que esperem também por uma obra segura durante sua execução. Não se trata apenas de uma questão de infraestrutura, mas de responsabilidade pública, de cuidado com a vida humana. 

Infelizmente, o que se vê é uma dança perigosa entre o improviso e o descaso, enquanto crianças brincam, alheias ao perigo iminente. Resta saber se o alerta será dado a tempo ou será mais um exemplo de como o abandono e a falta de fiscalização podem transformar algo que deveria ser uma solução em um novo problema.



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