Empresário foi vítima de crime violento em pleno centro do Guarujá, escancarando a sensação de insegurança e o despreparo das autoridades
Empresário vítima de sequestro-relâmpago em Guarujá deixa em evidência a crescente insegurança na cidade. |
A cada dia, os noticiários estampam manchetes que parecem se repetir em um ciclo vicioso: mais um cidadão é violentamente abordado, humilhado e despojado de seus bens, enquanto o poder público se limita a promessas vagas e ações paliativas. A vítima da vez, um empresário que certamente jamais imaginou ser protagonista de um episódio tão angustiante, viu-se no epicentro do drama que assola a segurança pública no Guarujá. O enredo é quase sempre o mesmo: o motorista é abordado, ameaçado, levado sob coação e, ao final, liberado sem bens e com um trauma que vai muito além das perdas materiais.
O caso recente, ocorrido em uma das cidades mais emblemáticas do litoral paulista, traz à tona um sentimento que há muito assombra os moradores: a impotência frente à criminalidade crescente. O empresário, conduzido sob a mira de bandidos, viveu o que já se tornou uma espécie de "rito de passagem" para muitos cidadãos de bem. Não se trata mais de um episódio isolado, mas de um sintoma claro de uma sociedade à deriva.
A grande questão que se impõe é: onde estão as autoridades? As rondas que deveriam inibir esses delitos tornaram-se escassas, quase fantasmas nas ruas da cidade. O aparato de segurança, prometido em discursos pomposos por aqueles que deveriam zelar pela ordem pública, parece ter virado fumaça, assim como a sensação de segurança que um dia já existiu. Ou será que estamos vivendo uma espécie de "ilusão de proteção"? A narrativa é sempre a mesma: números distorcidos e estatísticas oficiais mostram uma queda na criminalidade, enquanto a população experimenta, diariamente, o oposto.
O sequestro-relâmpago, modalidade de crime que já deveria ter sido combatida com maior vigor, continua a crescer, como uma praga que resiste a qualquer tentativa de controle. Para o empresário e sua família, a justiça virá, se vier, em forma de um boletim de ocorrência frio e distante, protocolado em uma delegacia igualmente distante das preocupações cotidianas da população.
O que dizer do policiamento ostensivo? Ah, ele existe, sim. Basta um evento turístico importante, como a temporada de verão, para que a cidade se torne alvo de operações ostensivas, blitzes espalhadas por todos os cantos, câmeras monitorando até o movimento das ondas. Mas, após a partida dos turistas, Guarujá parece ser abandonada à própria sorte. E os moradores? Esses são deixados à mercê de criminosos, que sabem que, passadas as férias, o litoral retoma seu status de “terra de ninguém”.
A falta de planejamento é evidente, mas o descaso pesa ainda mais. A segurança pública, que deveria ser uma prioridade inabalável, se perde em discussões burocráticas e orçamentos mal alocados. Guarujá, cidade turística e de comércio forte, não deveria ter que conviver com esse tipo de tragédia, e o mínimo que se espera é uma resposta rápida e eficaz das autoridades. Mas, sejamos sinceros, a probabilidade de que algo mude com urgência é tão baixa quanto a de um policial aparecer em uma patrulha preventiva onde o empresário foi sequestrado.
O ciclo de promessas se repete, com ares de déjà vu. Câmeras de segurança, mais viaturas, aumento no efetivo. Tudo parece muito convincente no papel, mas na prática, a população continua refém de uma política de segurança pública que falha em sua premissa básica: proteger os cidadãos. E, claro, para cada crime que estampa as manchetes, existe uma coletiva de imprensa onde se prometem investigações rigorosas e punições exemplares. No entanto, para as vítimas, resta apenas o trauma e a desconfiança nas instituições.
A segurança pública em Guarujá, e em tantas outras cidades da Baixada Santista, carece de mais do que discursos e medidas temporárias. É preciso um planejamento sério, que contemple a realidade dos moradores e empresários que movimentam a economia local. Enquanto isso, seguimos esperando. Esperando pelas soluções que nunca chegam, pelas ações que nunca saem do papel, e por uma justiça que, para muitos, parece mais distante do que nunca.
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