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Confronto forjado e execução a sangue frio: PMs viram réus em caso explosivo em Santos

 Execução à queima-roupa, forja de provas e câmeras desligadas: O caso que choca Santos e abala, ainda mais, a confiança na polícia

A ocorrência aconteceu na Avenida Martins Fontes, em Santos, durante uma abordagem policial que culminou em uma controvérsia mortal.

A Vara do Júri de Santos recebeu, no último dia 21, uma denúncia que transforma em réus o tenente Diogo Souza Maia e o cabo Glauco Costa, policiais militares acusados de homicídio qualificado e abuso de poder na morte de Allan de Morais Santos, 36 anos. O episódio, ocorrido em 10 de fevereiro, foi descrito pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) como uma execução forjada para parecer legítima.

Allan, que tinha histórico de envolvimento com facções criminosas e era conhecido pelo apelido de "Príncipe", foi abordado na Avenida Martins Fontes, em Santos, após denúncia de que transportava armas em um Jeep Compass. Segundo os PMs, o homem ignorou a ordem de parada, colidiu com uma viatura e atirou contra os agentes, justificando a resposta letal. No entanto, o MP afirma que essa narrativa não se sustenta.

A peça acusatória detalha que o crime ocorreu durante a Operação Verão, uma intensificação da segurança após o assassinato de um PM no bairro Bom Retiro. De acordo com a investigação, câmeras corporais dos policiais registraram momentos críticos: gravações sendo interrompidas, policiais de costas para a cena e manipulação de evidências, como o posicionamento de armas no local.

No momento em que Allan foi alvejado, não há imagens que o mostrem armado. A pistola atribuída ao suspeito aparece caída no veículo posteriormente, assim como um fuzil calibre 556 que teria sido encontrado no porta-malas 14 minutos após a primeira vistoria, quando nada havia sido detectado. O tenente Maia, um dos réus, sequer estava com a câmera ativada no instante da abordagem.

Para os promotores do Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (GAESP), os réus utilizaram recursos que impossibilitaram qualquer chance de defesa da vítima. "Os disparos foram efetuados a curta distância, e depois simularam que tiros tinham sido dados de dentro para fora do carro, criando uma falsa narrativa de confronto", afirmou o MP.

Além disso, a análise pericial enfraqueceu a versão de que Allan teria colidido com uma viatura enquanto disparava. "A tese apresentada pelos acusados é insustentável", concluíram os promotores.

O caso de Allan é o primeiro de 2024 a resultar em denúncia criminal entre os episódios que marcam a controversa Operação Escudo, conduzida sob o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos). No total, 19 mortes ocorreram na Baixada Santista em intervenções policiais desde o início da operação. Esta é a quarta denúncia de práticas ilegais envolvendo agentes públicos nessas ações.

O Ministério Público pediu o afastamento dos dois réus de atividades externas, mantendo-os em funções administrativas. Eles responderão por homicídio qualificado por recurso que impossibilitou a defesa da vítima, além de abuso de autoridade.

Enquanto a Justiça avança no caso, o episódio reacende o debate sobre práticas policiais na região e o uso de força letal em operações ostensivas. A cidade de Santos, que já convive com os impactos sociais e econômicos da criminalidade, agora enfrenta uma crise de confiança em suas forças de segurança.



Tags: #Polícia #OperaçãoEscudo #BaixadaSantista #SegurançaPública #Justiça

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