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Ambulância do SUS virou transporte turístico: desvio de função escancara descaso com recursos públicos

Veículo oficial foi flagrado levando convidados de casamento para passeio na praia em Caraguatatuba; motorista multado em R$ 220 mil e caso está sob investigação

Ambulância do SUS é apreendida após ser flagrada transportando convidados de casamento para passeio em Caraguatatuba. Foto: Prefeitura de Caraguatatuba.

O absurdo trajeto de uma ambulância do Sistema Único de Saúde (SUS) transformada em transporte turístico chocou moradores e autoridades de Caraguatatuba. Durante uma operação de fiscalização voltada ao combate do transporte clandestino na cidade litorânea, um veículo destinado a salvar vidas foi surpreendido cumprindo uma função totalmente alheia ao propósito original: levar nove convidados de um casamento para um passeio na praia.

A ambulância, pertencente à Secretaria Estadual de Saúde e cedida ao município de Piquerobi — uma pequena cidade com cerca de 3.300 habitantes no interior paulista —, percorreu cerca de 800 quilômetros em uma viagem que durou aproximadamente nove horas. O veículo chegou ao litoral carregando os passageiros, que, segundo informações apuradas, haviam participado de uma cerimônia matrimonial no dia anterior.

A ação que revelou o escândalo foi realizada pela Prefeitura de Caraguatatuba em parceria com a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) e a Polícia Militar. Durante a operação, as autoridades constataram que o veículo, que deveria estar disponível para atender o transporte de pacientes, estava servindo como uma espécie de van turística.

O motorista, que não teve sua identidade revelada, foi imediatamente encaminhado à delegacia local para prestar esclarecimentos. Além disso, ele recebeu uma multa equivalente a 500 VRMs (Valor de Referência do Município), o que representa aproximadamente R$ 220 mil. A ambulância foi apreendida e escoltada até o Distrito Policial, onde permanece sob custódia enquanto o caso segue em investigação.

O uso indevido de bens públicos configura crime de peculato, previsto no Código Penal Brasileiro, e pode acarretar sanções severas, tanto para o motorista quanto para eventuais superiores hierárquicos que tenham autorizado ou ignorado a prática ilegal. O inquérito policial instaurado pela Polícia Civil busca identificar todos os envolvidos no esquema e apurar as responsabilidades.

A Prefeitura de Piquerobi, responsável pelo veículo, ainda não apresentou esclarecimentos oficiais sobre como a ambulância foi liberada para uma viagem tão extensa e com finalidades tão discrepantes do seu uso regular.

Casos como este não apenas evidenciam a fragilidade dos mecanismos de fiscalização sobre a utilização de recursos públicos, mas também demonstram o nível alarmante de desprezo por parte de alguns gestores e servidores em relação ao bem-estar da população.

Enquanto ambulâncias são desviadas para fins particulares, milhares de pacientes em situação crítica aguardam por atendimento adequado. O episódio de Caraguatatuba escancara um problema recorrente em pequenas cidades do interior, onde a fiscalização sobre o uso de bens públicos é mais limitada.

As autoridades responsáveis garantiram que o caso não ficará impune. A Polícia Civil prossegue com as investigações para identificar se há uma rede maior por trás desse desvio ou se o ato foi isolado. Além do motorista, possíveis envolvidos no município de origem do veículo também podem ser responsabilizados.

O episódio gerou indignação nas redes sociais e entre autoridades locais, que classificaram a situação como um exemplo escandaloso de má gestão pública. A população, por sua vez, espera respostas rápidas e punições exemplares para que situações como essa não voltem a ocorrer.

O caso da ambulância turística de Caraguatatuba vai muito além de um simples ato de irresponsabilidade. Ele representa um símbolo claro do desperdício de recursos públicos e da falta de comprometimento de alguns servidores com suas obrigações. Enquanto vidas dependem de um sistema de saúde funcional, veículos destinados a salvar pessoas são desviados para fins pessoais.

Agora, cabe às autoridades competentes conduzir as investigações com rigor e garantir que os culpados sejam devidamente punidos, evitando que o dinheiro público continue sendo tratado com tamanho descaso.



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