Facção, delatores e policiais: os bastidores de uma trama criminosa com raízes na Baixada Santista
Investigador Rogério de Almeida Felício, conhecido como Rogerinho, está foragido e é procurado pela Polícia Federal sob suspeita de envolvimento com o PCC. |
O município de Praia Grande tornou-se um dos cenários principais de uma trama criminosa que conecta o crime organizado às entranhas das instituições públicas. Rogério de Almeida Felício, conhecido como Rogerinho, investigador da Polícia Civil e segurança pessoal do cantor sertanejo Gusttavo Lima, está foragido e é um dos alvos de uma operação da Polícia Federal (PF) em conjunto com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP). O investigado possui vínculos empresariais em Praia Grande que levantam suspeitas de lavagem de dinheiro.
Rogerinho é apontado como sócio de três empresas localizadas em Praia Grande: uma clínica de estética, uma empresa de segurança privada e uma construtora. Com um salário oficial de pouco mais de R$ 7 mil como policial civil, o investigado chamou a atenção ao ostentar um padrão de vida incompatível com seus rendimentos declarados. As autoridades suspeitam que essas empresas possam ser parte de um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que teria movimentado mais de R$ 100 milhões desde 2018.
Armas e dinheiro apreendidos pela Polícia Federal com alvos da operação desencadeada neta terça (17). |
A investigação revela que Rogerinho, além de suas atividades em Praia Grande, é acusado de envolvimento em diversos crimes, incluindo corrupção e vazamento de investigações policiais para proteger integrantes do PCC. Citado na delação do empresário Vinícius Gritzbach — executado com dez tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, no mês passado —, ele é suspeito de ter ficado com um relógio de luxo do delator, um item que teria sido negociado de forma ilegal. Prints das redes sociais do policial, onde ele exibia o acessório, foram entregues aos investigadores.
Na manhã desta terça-feira (17), a PF realizou buscas em endereços ligados a Rogerinho em Praia Grande, mas ele não foi encontrado. A hipótese é de que o investigado esteja se escondendo na região, utilizando sua rede de contatos e empreendimentos para dificultar a localização.
A operação, que já prendeu sete pessoas, incluindo um delegado e três policiais civis, também trouxe à tona o impacto do crime organizado na Baixada Santista. Entre os detidos estão Fábio Baena, acusado de extorsão, e Marcelo Marques de Souza, conhecido como "Marcelo Bombom". O esquema inclui vários crimes, como manipulação de investigações, venda de proteção a criminosos e corrupção dentro da polícia.
As ações judiciais até agora incluem buscas e apreensões, bloqueio de contas bancárias e o sequestro de bens relacionados aos investigados. Segundo os investigadores, a Baixada Santista tem sido usada como um dos centros de operações e logísticas do PCC.
Enquanto isso, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou que a Corregedoria da Polícia Civil segue colaborando com as investigações. Rogerinho continua foragido, e a expectativa é que novos desdobramentos desta trama ainda tragam à tona mais revelações sobre as profundezas do envolvimento do crime organizado na Baixada Santista.
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