Pai e filho foram alvejados por criminosos em uma moto na frente de casa; polícia investiga possível acerto de contas
Cena do crime no bairro Rio Pequeno, onde pai e filho foram assassinados a tiros durante saída temporária. Foto: Reprodução. |
No último sábado (28), uma cena brutal e desesperadora manchou de sangue a tarde no bairro Rio Pequeno, zona oeste de São Paulo. William Nascimento da Cruz, de 39 anos, detento beneficiado pela saída temporária de fim de ano, foi executado a tiros ao lado do filho, uma criança de apenas 9 anos, enquanto ambos estavam sentados na porta de casa. O crime, que expõe com ferocidade a falência de políticas de reintegração social e a audácia do crime organizado, ocorreu na rua Maria Vicente de Azevedo.
William cumpria pena há oito anos no Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de São Vicente pelo crime de roubo. A saída temporária, prevista por lei, deveria ser um momento de reintegração e contato com a família, mas para William e seu filho, tornou-se uma sentença de morte.
Testemunhas relatam que dois homens em uma motocicleta se aproximaram lentamente da residência onde William e seu filho estavam sentados. Sem qualquer aviso ou diálogo, os criminosos abriram fogo. William foi atingido por nove disparos, caindo gravemente ferido no local. Seu filho, que nada tinha a ver com o histórico do pai, foi alvejado no tórax.
Ambos foram socorridos às pressas. William foi levado ao Pronto-Socorro Antônio Giglio, em Osasco, mas não resistiu aos ferimentos. A criança, por sua vez, chegou a ser encaminhada ao Pronto-Socorro José Ibrahim, também em Osasco, mas teve o mesmo destino trágico do pai.
A irmã de William prestou depoimento à polícia, afirmando desconhecer qualquer desavença ou dívida que pudesse justificar tamanha violência. O caso foi registrado como homicídio no 89º Distrito Policial do Jardim Taboão e segue sob investigação.
A saída temporária é um benefício previsto na Lei de Execução Penal para presos em regime semiaberto que cumprem os requisitos legais. Contudo, casos como o de William reacendem debates inflamados sobre a efetividade e segurança dessa prática. Muitos detentos aproveitam a liberdade provisória para retomar atividades criminosas, enquanto outros, como William, se tornam alvos de acertos de contas.
Especialistas defendem que o problema não está na lei em si, mas na falta de fiscalização e no abandono das políticas de reintegração social. O sistema prisional brasileiro, superlotado e com falhas estruturais graves, frequentemente devolve à sociedade indivíduos mais vulneráveis ou perigosos do que eram antes de sua detenção.
A Polícia Civil trabalha com diversas linhas de investigação. Uma das principais hipóteses é a de que William tenha sido vítima de um acerto de contas. Seu histórico criminal e o modus operandi da execução sugerem envolvimento de facções criminosas.
No entanto, até o momento, ninguém foi preso e os autores do crime seguem foragidos. A motocicleta usada no ataque, segundo relatos, não possuía placa visível, dificultando ainda mais as investigações.
O caso ganha contornos ainda mais trágicos ao envolver uma criança inocente. O filho de William foi uma vítima colateral de um sistema falho e de uma guerra urbana que não escolhe alvos.
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