Com histórico criminal desde 1984, mulher de 63 anos revela a dura realidade por trás de pequenos furtos que assombram comércios da Baixada Santista
Idosa flagrada por câmeras de segurança durante furto em comércio na Baixada Santista. Foto: Reprodução. |
A rotina de furtos em pequenos comércios da Baixada Santista ganhou um rosto conhecido e, para muitos, surpreendente. Uma idosa de 63 anos foi detida pela Polícia Militar na manhã de sábado (21) ao desembarcar de um ônibus no Canal 1, em Santos. Reconhecida por passageiros e comerciantes como responsável por uma série de delitos recentes, a mulher foi encaminhada ao 7° Distrito Policial, mas acabou liberada por ausência de flagrante.
Com um histórico criminal que remonta a 1984, a idosa acumula passagens por furtos semelhantes. Em entrevista à TV Tribuna, a mulher admitiu os crimes, justificando suas ações com uma mistura de desespero e resignação. "Furtava para comer e não queria ser solta, pois não tenho para onde ir", declarou.
Entre os itens furtados pela idosa, destacam-se caixinhas de Natal destinadas a doações e aparelhos celulares, produtos geralmente revendidos para garantir alimentação e suprir necessidades básicas. A mulher garante que nunca fez mal a ninguém e que seus alvos eram exclusivamente estabelecimentos comerciais. "Nunca fiz mal a ninguém, só furtava em lojas", afirmou.
Sem família, sem teto e vivendo nas ruas há anos, a suspeita alterna entre os pequenos delitos e a dura realidade do abandono social. Seu rosto já é conhecido por comerciantes e frequentadores das principais vias de Santos e São Vicente, cidades onde mais frequentemente atua.
Recentemente, câmeras de segurança flagraram a idosa em ação em três estabelecimentos diferentes. Na Avenida Ana Costa, ela foi registrada furtando um celular após distrair uma funcionária de uma cafeteria. Em outra ocasião, em uma loja de conveniência, repetiu a estratégia com sucesso. Já em São Vicente, na Doceria Cássia, furtou uma caixinha de contribuições destinada aos funcionários, aproveitando-se de um momento de distração de uma atendente.
Os vídeos circulam em redes sociais e despertam reações mistas entre indignação, pena e revolta. Muitos se questionam sobre a eficácia das políticas públicas voltadas para pessoas em situação de rua e sobre a responsabilidade do Estado em casos como esse.
O caso revela a face cruel do abandono social. Sem suporte, sem políticas eficazes de reinserção social e sem perspectiva de mudança, a mulher representa apenas um exemplo de uma realidade muito mais ampla. Em um ciclo vicioso de pequenos crimes, prisões temporárias e liberações, ela segue pelas ruas, repetindo os mesmos atos.
Apesar das recorrências, a legislação brasileira determina que, sem flagrante ou mandado de prisão, a suspeita deve ser liberada após prestar esclarecimentos. Esse detalhe jurídico, embora correto do ponto de vista legal, deixa comerciantes e cidadãos indignados com o sentimento de impunidade.
A idosa, que não teve o nome divulgado, permanece nas ruas, provavelmente repetindo seus atos em breve. Seu caso suscita reflexões importantes sobre abandono social, falhas no sistema de assistência e a tênue linha que separa o crime da necessidade.
Enquanto o debate se perpetua entre redes sociais e mesas de bares, comerciantes seguem inseguros, cidadãos seguem indignados e a idosa segue sua rotina, buscando sobreviver da maneira que lhe resta.
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