Mais de 30 praias classificadas como impróprias colocam turistas e moradores em alerta, enquanto surtos de virose expõem a fragilidade do saneamento no litoral
Praia da Guilhermina, em Praia Grande, com bandeira vermelha devido à contaminação das águas. Foto: Reprodução. |
O verão de 2025 trouxe à tona uma crise de saúde pública que vem assustando a Baixada Santista. Surtos de virose, associados à contaminação das águas, afetam moradores e turistas. Em meio a essa emergência sanitária, um levantamento recente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), divulgado ontem, (9), revelou que mais de 30 praias na região foram classificadas como impróprias para banho.
A situação é particularmente alarmante em Praia Grande, onde apenas uma das 12 praias monitoradas — Jardim Solemar — recebeu bandeira verde, indicando condições adequadas para o banho.
Mapa da Contaminação: Cidade por Cidade
- Bertioga: Todas as praias estão liberadas para banho, segundo a Cetesb.
- Guarujá: Apenas a praia do Perequê e o trecho da praia da Enseada próximo à avenida Santa Maria são impróprios.
- Santos: Ponta da Praia e Aparecida permanecem adequadas para o banho, mas Embaré, Boqueirão, Gonzaga e partes do José Menino exibem bandeiras vermelhas.
- São Vicente: As praias dos Milionários, Gonzaguinha e Prainha estão impróprias.
- Mongaguá: As praias Central, Vera Cruz, Santa Eugênia e Agenor de Campos não apresentam condições seguras para banho.
- Itanhaém: Diversos pontos, incluindo as praias do Sonho e Jardim São Fernando, foram consideradas impróprias.
- Peruíbe: Apenas a praia do Parque Turístico está classificada como imprópria.
- Iguape e Ilha Comprida: Ambas as cidades mantêm todas as suas praias aptas para banho.
A Cetesb alerta que nadar em águas impróprias é um risco direto à saúde, principalmente para crianças, idosos e imunossuprimidos. Os principais sintomas associados ao contato com águas contaminadas incluem diarreia, vômitos, febre e desidratação. Casos graves de gastroenterite podem exigir hidratação endovenosa e, em raras situações, hospitalização.
Além da gastroenterite, as águas poluídas podem transmitir infecções nos olhos, ouvidos, nariz e garganta. Para evitar problemas, a Cetesb reforça as seguintes medidas preventivas:
- Evitar o banho em praias com bandeira vermelha.
- Abster-se de entrar no mar nas 24 horas seguintes às chuvas, devido ao aumento do arrasto de contaminantes.
- Não consumir água do mar ou utilizar canais, córregos e rios para recreação aquática.
O impacto da contaminação vai além das questões de saúde pública. A reputação da Baixada Santista como destino turístico também está em xeque, com pousadas, restaurantes e outros setores do turismo sofrendo cancelamentos e prejuízos. Pequenos comerciantes, como vendedores ambulantes nas praias, relatam queda drástica no movimento.
Por outro lado, as falhas no saneamento e no monitoramento preventivo das águas revelam problemas estruturais que se acumulam há décadas. Apesar de campanhas e investimentos pontuais, o tratamento de esgoto continua insuficiente em várias cidades da região, agravando a contaminação marinha após chuvas intensas.
Especialistas apontam para a necessidade de soluções integradas que envolvam os governos municipais, estaduais e federais, além da colaboração com a sociedade civil. A melhoria do saneamento básico, o monitoramento ambiental constante e campanhas educativas são apontados como passos essenciais para reverter esse cenário.
Enquanto isso, a população segue enfrentando as consequências de anos de negligência, numa região cuja beleza natural contrasta, de forma cruel, com os desafios de manutenção de suas praias. A Baixada Santista, tão celebrada por suas paisagens, vive uma temporada em que o alerta vermelho não está apenas nas bandeiras fincadas na areia, mas na saúde de quem ainda ousa desafiar os riscos.
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