Disfarçada de octogenária, mulher tentou sacar benefício do INSS com carteira de trabalho forjada e foi desmascarada pela Polícia Civil em pleno horário bancário
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Carteira de trabalho falsa usada por mulher de 46 anos para se passar por idosa e sacar benefício do INSS, em Praia Grande. Foto: Polícia Civil/Divulgação. |
Em Praia Grande, o teatro da vida real ganhou uma nova protagonista. Com um talento digno de novela policial de gosto duvidoso, Alexandra Pereira, 46 anos, decidiu que era hora de encarnar uma nova persona: a de uma idosa de 82 anos. Tudo em nome de um suposto cachê de R$ 400,00. O palco? Uma agência bancária na movimentada Avenida Presidente Kennedy, no bairro Caiçara. A plateia? Funcionários, clientes e, claro, a Polícia Civil.
Segundo as investigações, Alexandra apresentou-se na agência com uma carteira de trabalho falsificada contendo os dados da verdadeira beneficiária, mas ostentando sua própria fotografia, sem retoques, sem maquiagem de caracterização e, aparentemente, sem muita noção. O plano era simples — ou pelo menos parecia: sacar o benefício do INSS da octogenária e voltar para casa com o troco da marmita. Mas, como toda história mal planejada, esta também teve um fim abrupto e algemado.
Os policiais civis da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) já haviam recebido a informação de que uma tentativa de fraude estava em andamento e foram direto ao local. Ali, no hall do banco, a jovem senhora de 82 anos, com pele de 46, foi abordada e, diante da presença da autoridade, seu talento para a dramaturgia ruiu como maquiagem barata sob o sol da Praia Grande.
Sem conseguir sustentar o papel, Alexandra revelou sua verdadeira identidade e, como em qualquer enredo mal escrito, começou a soltar fragmentos da história: teria recebido uma proposta de R$ 400,00 para se passar pela vítima e realizar o saque. Quanto aos mandantes do golpe, permaneceu o silêncio típico dos que preferem não revelar os autores intelectuais — ou porque não sabe, ou porque sabe demais.
A farsa teve mais um capítulo digno de nota. Enquanto era conduzida à delegacia, a fraudadora tentou descartar um papel — uma atitude clássica dos filmes policiais, só que sem o glamour. O pedaço de papel, claro, foi apreendido e continha os dados completos da idosa real, cuja identidade foi usada no golpe.
Na sede da DIG, a carteira de trabalho falsa foi encaminhada à perícia, e o delegado representou pela conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva. Alexandra agora troca o banco da aposentadoria pela frieza do xadrez na cadeia pública de São Vicente, onde deverá refletir sobre suas escolhas artísticas e criminais.
O caso levanta novamente a cortina sobre um enredo preocupante e recorrente: o uso criminoso de documentos falsos para saque de benefícios públicos. O INSS, alvo frequente desses golpes, tem investido em ferramentas de cruzamento de dados e biometria, mas a criatividade dos estelionatários continua desafiando o bom senso — e a paciência das autoridades.
Enquanto isso, a população assiste à sucessão de fraudes como a de Alexandra, que, ao tentar encarnar uma senhora de 82 anos, acaba protagonizando apenas mais um episódio lamentável na longa novela das fraudes contra o sistema previdenciário brasileiro.
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