Criminoso rouba motocicleta durante missa e escapa em menos de dois minutos. Fiéis clamam por proteção divina — e, quem sabe, por um pouco mais de segurança
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Momento em que o suspeito foge com a motocicleta durante missa em Praia Grande; crime durou pouco mais de um minuto e foi flagrado por câmeras de segurança. Foto: Reprodução/Redes Sociais. |
A fé move montanhas — mas não impede que ladrões movam veículos alheios. Uma mulher de 35 anos teve sua motocicleta furtada na noite do último domingo (18), enquanto participava devotamente de uma missa na Igreja Nossa Senhora Aparecida, localizada no bairro Jardim Samambaia, em Praia Grande. O episódio, que mistura sacrilégio e oportunismo, aconteceu por volta das 18h50, horário em que os fiéis buscavam paz, mas encontraram mais um retrato da insegurança urbana.
Segundo relato da vítima à Polícia Civil e confirmado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), a motocicleta — uma Honda Biz 125 EX — foi estacionada nas proximidades da paróquia antes do início da celebração. No compartimento da moto estavam um capacete e uma capa de chuva, itens que, ironicamente, não protegeram nem a dona nem o veículo de um "dilúvio" de criminalidade.
A ação foi flagrada por câmeras de segurança e compartilhada nas redes sociais, o que hoje em dia é quase um sacramento para qualquer ocorrência no Brasil. As imagens mostram um homem vestindo calça e camisa cinzas, segurando um capacete — com a naturalidade de quem está apenas indo buscar o próprio transporte após a missa. Mas o santo não bateu: o sujeito, sem pudor e com notável destreza, leva pouco mais de um minuto para destravar o veículo, ligá-lo e sumir da cena pilotando a moto como se tivesse sido abençoado com a chave da ignição.
O crime foi registrado como furto de veículo no 3º Distrito Policial de Praia Grande. A vítima forneceu os vídeos de monitoramento aos investigadores, na esperança de que as autoridades consigam identificar o autor da façanha criminosa. Até o momento, o paradeiro do suspeito permanece tão desconhecido quanto a eficácia da patrulha ostensiva naquela região.
A pergunta que ecoa entre os moradores do Jardim Samambaia é inevitável: se nem dentro ou ao redor de uma igreja há segurança, onde mais a população pode se sentir minimamente protegida? O que deveria ser um momento de elevação espiritual terminou com a necessidade de boletim de ocorrência e, provavelmente, de pagamento de prestações restantes da moto desaparecida.
O sagrado e o profano na mesma calçada
A cena poderia figurar em uma crônica de humor negro sobre o cotidiano brasileiro, mas é só mais um registro rotineiro nas estatísticas do crime. Enquanto algumas autoridades insistem em medir o sucesso da segurança pública pela quantidade de viaturas novas entregues ou pela cor dos uniformes da Guarda Municipal, o cidadão segue contando com a sorte — ou com a providência divina — para voltar para casa com seus bens.
Roubar uma moto na porta da igreja durante a missa é, no mínimo, uma ousadia que beira o teatral. Mas não é a primeira nem será a última demonstração de como o crime em determinadas regiões do litoral paulista deixou de ter hora, lugar ou cerimônia. Nem mesmo as orações em coro foram capazes de afugentar o larápio — que talvez, quem sabe, esteja agora percorrendo outras paróquias em busca de novos "milagres".
Para a vítima, resta o consolo de não ter sido abordada diretamente, o que poderia ter transformado o furto em roubo e posto sua integridade física em risco. Mas é um consolo tão amargo quanto assistir à última bênção do padre e, ao sair, perceber que o dízimo não foi o único bem ofertado naquele dia.
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