Abaixo-assinado online busca frear desmatamento em área de 90 mil m² e questiona sustentabilidade do projeto
O anúncio da construção do novo Centro de Treinamento profissional do Santos Futebol Clube em Praia Grande, divulgado no mês passado, reacendeu um debate crucial sobre o equilíbrio entre desenvolvimento urbano e preservação ambiental na Região Metropolitana da Baixada Santista. Após a manifestação do Parque Estadual Xixová-Japuí sobre a ausência de comunicação prévia para licenciamento, uma nova frente de oposição surge: um abaixo-assinado online, impulsionado por moradores preocupados com a destinação de uma vasta área verde.
A petição, que já circula intensamente nas redes sociais, visa proteger cerca de 90 mil metros quadrados de Mata Atlântica que atualmente ocupam o terreno escolhido para o empreendimento. A área, que equivale a mais que o dobro do atual CT Rei Pelé, é vista pelos ativistas como um ecossistema vital para a fauna e flora local, além de um importante respiro verde na densamente urbanizada Praia Grande.
"Como torcedor apaixonado por futebol, estou profundamente preocupado com a criação do novo Centro de Treinamento do clube, que resultará em desmatamento de área ambiental. Onde está o fair play com a natureza? Esse sim é um verdadeiro gol contra", expressou o autor da petição online, em uma fala que reflete a indignação de muitos. Ele argumenta que o progresso da cidade não precisa vir ao custo da devastação ambiental, clamando por uma reflexão sobre as consequências para a biodiversidade regional.
O projeto do CT Vila Praia Grande, como foi denominado, promete uma estrutura moderna e de alta tecnologia, com campos, alojamento, refeitório, academia e departamento de saúde, tudo com foco em "sustentabilidade e inovação em harmonia com a natureza". A iniciativa, de custo zero para o clube e impulsionada por investimento privado, prevê a inauguração em um ano. Após a conclusão, o atual CT Rei Pelé seria destinado às categorias de base e ao futebol feminino. O novo complexo será erguido na entrada da cidade, próximo ao Litoral Plaza Shopping, garantindo fácil acesso ao Sistema Anchieta-Imigrantes.
Paralelamente ao CT, o Grupo Peralta e a NR Sports também anunciaram a construção da Arena PG em Praia Grande, com capacidade para 25 mil pessoas. A ideia é que o Santos Futebol Clube alterne o mando de seus jogos entre a histórica Vila Belmiro e este novo espaço. Os empresários e o presidente do clube, contudo, reforçaram que a construção da nova arena não interfere nos planos de readequação da Vila Belmiro, reforçando a intenção de manter a relevância do tradicional estádio.
A controvérsia em torno do CT do Santos em Praia Grande lança luz sobre a necessidade de um diálogo transparente e de avaliações ambientais rigorosas em projetos de grande porte, especialmente em regiões costeiras com ecossistemas tão sensíveis como a Baixada Santista. A voz dos moradores, expressa no abaixo-assinado, ecoa a preocupação com o futuro da natureza local e a busca por um desenvolvimento que seja verdadeiramente sustentável.
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