Satélites apontaram supressão de Mata Atlântica; operação relâmpago demoliu construções ilegais e prometeu punições exemplares
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Equipes da PM Ambiental e fiscais municipais demolem estruturas clandestinas nas Terras de Santa Rosa, área de proteção permanente em Itanhaém. Foto: Prefeitura de Itanhaém. |
Numa investida que começou ainda com o orvalho da manhã, as equipes da Prefeitura de Itanhaém e da Polícia Militar Ambiental percorreram quase três horas de trilhas fechadas até alcançar as Terras de Santa Rosa, zona rural que funciona como guardiã natural dos mananciais e da fauna nativa do município. O destino: o ponto exato denunciado por alerta de satélite — assinatura inequívoca de desmatamento recente em plena área de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Mar.
O território em questão, apesar da proximidade com Juquitiba, Embu‑Guaçu e alguns bairros limítrofes da Capital, pertence oficialmente a Itanhaém. Ali, mais de 80% do solo segue coberto por Mata Atlântica primária, guardando fontes d’água que abastecem toda a Baixada Santista. Havia, portanto, muito mais em jogo do que algumas árvores derrubadas: tratava‑se da integridade de um dos últimos redutos verdes do litoral paulista.
Ao chegar, o comboio encontrou estruturas de madeira e alvenaria recém‑erguidas, abertas na marra sob copas centenárias. Sob a mira das câmeras fotográficas e do artigo 50 da Lei de Crimes Ambientais, as construções ilegais foram ao chão. “Qualquer denúncia é levada a sério, mas aqui a sensibilidade ambiental multiplica nossa responsabilidade”, cravou o fiscal Vinícius Silva, sem esconder a indignação.
A ação conjunta reuniu o 3º Pelotão da 1ª Cia da PM Ambiental, a Secretaria de Serviços Públicos e Zeladoria e o Departamento de Combate às Invasões — um verdadeiro pelotão de choque ecológico. Entre marretadas e autuações, técnicos registraram cada detalhe para embasar processos administrativos e, se necessário, criminais. O recado aos infratores foi claro: a Mata Atlântica tem defensores atentos e bem equipados.
Para o secretário de Defesa do Meio Ambiente e Bem‑Estar Animal, Cesar Augusto Ferreira, a tecnologia virou a arma mais poderosa na guerra contra a devastação. “Somos o maior município da Baixada em área territorial, com mais de 600 km². Sem satélites, drones e georreferenciamento, seria impossível patrulhar tamanha imensidão”, explicou, apontando o monitoramento em tempo real como divisor de águas na proteção ambiental.
Além do rigor punitivo, a Prefeitura reforça o convite à sociedade: denúncias anônimas continuam sendo peça‑chave na preservação. Basta acionar os canais oficiais e garantir que o patrimônio ecológico — que também é patrimônio econômico, cultural e histórico — sobreviva ao apetite dos grileiros.
Com a área novamente sob guarda, novos relatórios periciais vão determinar a extensão do dano e o montante das multas. Se confirmada a reincidência, a força‑tarefa já avisou: voltará quantas vezes forem necessárias, e da próxima vez pode sair de lá não só com maquinário apreendido, mas com responsáveis algemados.
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