Investigação revelou uso de tecnologia e biometria falsificada para abrir contas digitais em nome de terceiros; nove mandados foram cumpridos na baixada
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Policiais civis cumprem mandado de busca em um dos endereços investigados durante a operação contra fraudes bancárias na Baixada Santista. Foto: Divulgação/Polícia Civil. |
A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quinta-feira (24), uma operação para desmantelar uma organização criminosa especializada em fraudes bancárias virtuais que causaram um prejuízo estimado em R$ 500 mil ao banco digital Nubank. A ação ocorreu simultaneamente em imóveis situados nos municípios de Santos, São Vicente e Praia Grande, onde foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça da 7ª Região Administrativa Judiciária de Santos. Apesar da ofensiva, ninguém foi preso até o momento.
A investigação é conduzida pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Praia Grande, com apoio do Grupo de Operações Especiais (GOE-Santos) e outras unidades da Polícia Civil. Segundo o delegado Luiz Ricardo Lara Dias Júnior, titular da DIG, os criminosos utilizavam um esquema sofisticado que envolvia documentos falsificados e manipulação de dados biométricos, como o reconhecimento facial, para abrir múltiplas contas falsas na plataforma do Nubank. A fraude foi detectada pelo próprio setor de segurança da empresa, que identificou padrões semelhantes em diversas aberturas de contas digitais.
"O banco nos forneceu imagens e dados biométricos suspeitos. A partir dessas informações, com o uso de ferramentas próprias de reconhecimento facial, conseguimos individualizar os investigados e comprovar a materialidade dos delitos", explicou o delegado. Os investigados têm entre 22 e 64 anos, e alguns possuem relação familiar entre si.
A operação policial mobilizou equipes em nove endereços localizados nos bairros Vila Melo, Vila Valença, Catiapoã, Areia Branca, Rádio Clube e Aviação. Os mandados foram cumpridos sem resistência, e os investigados colaboraram espontaneamente. No entanto, nenhum documento físico diretamente relacionado ao esquema fraudulento foi encontrado nos locais.
Entre os materiais apreendidos estão celulares, computadores e máquinas de cartão, que agora serão submetidos à perícia técnica. A expectativa é de que a análise detalhada desses equipamentos revele novos integrantes da organização criminosa e possibilite o avanço para uma segunda fase da operação.
Segundo a Polícia Civil, até o momento o Nubank é a única empresa identificada como vítima, mas a investigação permanece em curso para verificar se outras instituições financeiras também foram lesadas. A corporação ressalta que o banco digital arcou integralmente com os prejuízos, sem que os clientes afetados pelos cadastros fraudulentos tivessem qualquer dano financeiro.
"Ao detectar a vulnerabilidade explorada pelo grupo, a instituição tomou todas as providências para conter os danos e garantir a segurança de seus usuários. A fraude foi direcionada exclusivamente à própria empresa, que absorveu integralmente o prejuízo", reforçou Lara Dias Júnior.
A Polícia Civil segue apurando os desdobramentos do caso por meio de inquérito policial e não descarta novas diligências e futuras prisões. As investigações agora se concentram na análise minuciosa do conteúdo digital extraído, que poderá fornecer provas adicionais e consolidar a participação de outros envolvidos.
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