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A farsa de meio século: o projeto inacabado da Rodovia Parelheiros-Itanhaém

 Promessas vazias e a eterna espera por desenvolvimento regional

O sonho adormecido de uma rodovia que prometia transformar a logística e o turismo na região sul de São Paulo.

Há mais de cinquenta anos, uma promessa de transformação regional foi lançada com pompa e circunstância: a construção da Rodovia Parelheiros-Itanhaém. No entanto, essa promessa nunca se materializou, deixando uma trilha de frustração e desconfiança entre os moradores e autoridades das regiões afetadas. Na última quarta-feira, 24 de julho, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) admitiu, mais uma vez, que está reavaliando a viabilidade técnica e econômica desse projeto adormecido.

A retomada dos estudos, agora a cargo da Diretoria de Engenharia do DER, pretende atualizar as informações da análise realizada em 2015. O projeto, que prometia revolucionar a ligação entre o extremo sul da capital paulista e as praias do Litoral Sul, mobilizou um grande evento político há cinquenta anos. O antigo Cine Castro, em Itanhaém, foi palco de um encontro massivo de prefeitos, deputados, secretários de Estado e moradores locais.

Apesar de um projeto ter sido aprovado pela Assembleia Legislativa nos anos 1990 e transformado em lei estadual pelo então governador Mário Covas, a rodovia nunca saiu do papel. A promessa de uma estrada que reduziria pela metade o tempo de viagem entre São Paulo e as cidades de Mongaguá, Peruíbe e Praia Grande permanece apenas no imaginário coletivo.

O prefeito de Itanhaém, Tiago Rodrigo Cervantes (Republicanos), destaca a importância dessa obra para a região: "O acesso entre a Baixada Santista e o Planalto é um dos maiores gargalos da nossa Região Metropolitana. A implementação de uma terceira via de acesso beneficiaria significativamente Itanhaém e toda a região, melhorando não apenas a logística, mas também a mobilidade, a segurança dos motoristas e reduzindo o tempo de viagem". Além disso, Cervantes acredita que a nova rodovia fortaleceria o turismo e impulsionaria a economia local, criando uma ligação direta com uma das áreas de maior crescimento na capital, que concentra 40% do território de São Paulo.

A Rodovia Parelheiros-Itanhaém também serviria como uma rota alternativa para o tráfego de caminhões que hoje sobrecarrega o Sistema Anchieta-Imigrantes. Com a segunda pista da Rodovia dos Imigrantes apresentando um ângulo muito agudo, o tráfego de caminhões é proibido, resultando em congestionamentos frequentes e entraves logísticos que prejudicam o comércio exterior do Brasil. A nova estrada ajudaria a aliviar essa pressão, beneficiando os motoristas que se dirigem a Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e Bertioga.

A necessidade de rotas alternativas é ainda mais urgente devido ao crescimento contínuo da movimentação de cargas no Porto de Santos. A Rodovia Parelheiros-Itanhaém poderia servir como uma importante rota alternativa para caminhões que vêm do norte do Paraná, da região oeste do Estado de São Paulo e até do Mato Grosso do Sul, facilitando o acesso ao Porto de Santos e melhorando a eficiência logística.

Além de beneficiar os moradores de Itanhaém, a rodovia também aproximaria a capital paulista dos residentes de Itariri e Pedro de Toledo, no Vale do Ribeira. Atualmente, esses motoristas precisam dirigir até Miracatu para acessar a Rodovia Régis Bittencourt (BR-116) e chegar à Grande São Paulo, uma distância de até 170 quilômetros que seria reduzida pela metade com a nova rodovia.

No entanto, apesar de todas as promessas e estudos de viabilidade, a Rodovia Parelheiros-Itanhaém permanece um projeto inconcluso. A história recente mostra que a inércia governamental e a falta de vontade política transformaram o que poderia ser uma solução viária crucial em uma verdadeira farsa de meio século. Resta saber se desta vez o estudo do DER resultará em ações concretas ou se será mais um capítulo na longa história de promessas não cumpridas.



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