O retrato da negligência e da falta de preparo na educação infantil de Itanhaém
Criança de dois anos teve a perna engessada após sofrer fratura em creche municipal de Itanhaém. |
A notícia de uma criança de apenas dois anos quebrando o fêmur em uma creche municipal de Itanhaém, após ser empurrada por uma colega, escancara a preocupante realidade da educação infantil na cidade. O caso, que ocorreu na creche Carlos Mayer Filho, no bairro Savoy, em 20 de agosto, evidencia não apenas a falta de preparo dos profissionais da unidade, mas também a negligência e a falta de sensibilidade da administração municipal.
A mãe da criança, Ana Paula Monteiro, relata que, ao chegar à creche, encontrou o filho chorando, apenas de fralda e camiseta, sem que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tivesse sido acionado. A justificativa dada por uma das profissionais da unidade foi de que uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) teria empurrado o menino. No entanto, a mãe questiona a falta de supervisão e a ausência de medidas preventivas para evitar tais situações.
A saga da família em busca de atendimento médico também expõe a precariedade da saúde pública em Itanhaém. A mãe precisou levar o filho a uma unidade de saúde em um carro de aplicativo e, ao chegar à UPA infantil, descobriu que o equipamento de Raios X estava quebrado. O menino só foi atendido em uma unidade destinada a adultos, onde foi constatada a fratura do fêmur.
A postura da creche e da prefeitura diante do ocorrido é revoltante. A mãe relata que a coordenadora da unidade "jogou a culpa na criança" que empurrou seu filho e que as professoras pediram para que ela não compartilhasse o ocorrido com os demais pais. A prefeitura, por sua vez, limitou-se a abrir um processo de sindicância e a afirmar que presta "total apoio à família", todavia, não informou qual tipo de apoio tem prestado.
O caso da creche Carlos Mayer Filho é emblemático da incompetência da administração municipal em gerir a educação infantil em Itanhaém. A falta de preparo dos profissionais, a negligência na supervisão das crianças, a precariedade da infraestrutura e a falta de sensibilidade no atendimento às famílias são sintomas de um sistema falido, que coloca em risco a segurança e o bem-estar das crianças.
É preciso que a prefeitura de Itanhaém assuma a responsabilidade por essa situação e tome medidas efetivas para garantir a qualidade da educação infantil na cidade. A formação continuada dos profissionais, a contratação de pessoal qualificado, a melhoria da infraestrutura das creches e a criação de mecanismos de ouvidoria e acompanhamento das famílias são passos essenciais para reverter esse quadro.
A negligência e a incompetência na educação infantil têm um custo alto, que se mede não apenas em ossos quebrados, mas também em traumas psicológicos, em oportunidades perdidas e em futuros comprometidos. É hora de a prefeitura de Itanhaém acordar para essa realidade e agir com a urgência que a situação exige. Afinal, como diz o ditado, "o barato sai caro", e, no caso da educação infantil, o preço da incompetência pode ser a vida de uma criança.
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