Últimas Notícias

8/recent/ticker-posts

E agora, Zé? MPF mira vice de Tiago Cervantes: O jogo eleitoral sujo e as velhas táticas do poder

 Entre disfarces jurídicos e manobras escancaradas, a candidatura de Zé Renato, braço direito de Tiago Cervantes, balança na corda bamba

Zé Renato ao de Tiago Cervantes em evento político, agora acusado de permanecer em evidência mesmo após afastamento do cargo.

O Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria Regional Eleitoral, deu um passo estratégico no xadrez político ao solicitar a impugnação da candidatura de Zé Renato, vice-prefeito na chapa de Tiago Cervantes. A movimentação faz parte de um espetáculo que, lamentavelmente, já não surpreende o eleitor, mas ainda assim causa incômodo. Nas entrelinhas desse processo, revela-se a estrutura frágil e corroída que permeia as campanhas eleitorais no Brasil.

De acordo com a procuradora Adriana Scordamaglia, o caso de Zé Renato extrapola o simples descumprimento de formalidades legais. Embora o candidato tenha se afastado do cargo de Secretário de Serviços e Urbanização no papel, sua influência na pasta seguiu intacta. A desincompatibilização, no caso, não passou de uma formalidade jurídica sem efeitos práticos. 

A cereja do bolo está nas redes sociais do político, que teimam em não deixar dúvidas: fotos de inaugurações, reuniões com a comunidade e a constante associação de sua imagem com a Secretaria que comandava mostram o quão superficial foi o seu afastamento. Para o MPF, essa conexão é indissociável e fere a ética do processo eleitoral. A tentativa de manter o controle da máquina pública enquanto se disputa um cargo eletivo é uma prática tão antiga quanto condenável, porém ainda frequente.

"A simples publicação de fotos de obras públicas e reuniões com moradores gera uma indevida vinculação entre a Secretaria de Serviços e Urbanização e a figura de seu ex-chefe", destacou a procuradora Scordamaglia em seu parecer, evidenciando o que muitos já suspeitavam: a política de fachada segue firme e forte.

Caso a Justiça Eleitoral acolha o pedido do Ministério Público, Tiago Cervantes se verá numa encruzilhada. Terá de escolher entre retirar Zé Renato da chapa, abrindo mão de seu aliado de confiança, ou enfrentar o risco de ver sua candidatura ser alvo de uma contestação ainda mais forte. Em um cenário de intensa disputa política, a substituição de um candidato a vice-prefeito no meio da corrida pode ser um tiro no pé. No entanto, manter Zé Renato pode se mostrar igualmente perigoso, à medida que o desgaste de imagem e o impacto legal se tornam mais evidentes.

A pressão para a impugnação veio da coligação rival, A Hora de Recomeçar, um grupo que tenta capitalizar em cima das brechas deixadas pelos adversários. Em meio ao jogo político, onde todos os lados parecem dispostos a jogar com as cartas mais baixas possíveis, o caso Zé Renato se destaca como um exemplo do teatro que as eleições municipais podem se tornar.

O que se vê, mais uma vez, é uma campanha onde as manobras jurídicas e políticas andam de mãos dadas. Não basta mais conquistar o voto do eleitor; é preciso também vencer nos tribunais, um campo onde os mais preparados e conectados sabem jogar bem. Esse tipo de tática, em que candidatos fazem malabarismos entre o cumprimento das regras e a manutenção do poder, é amplamente conhecida. A fórmula é simples: seguir operando nos bastidores enquanto finge desrespeitar as regras de forma suficiente para escapar de sanções severas, mas não tanto a ponto de perder o controle.

O caso de Zé Renato é apenas mais um capítulo no livro das velhas práticas políticas que, ao longo dos anos, vêm corroendo a confiança popular no processo eleitoral. A indiferença com que certos políticos lidam com as exigências legais escancara a fragilidade das instituições que deveriam proteger a lisura das eleições.

Se a Justiça Eleitoral aceitar o parecer do MPF, será um golpe duro para a chapa de Tiago Cervantes, que terá de recompor sua estratégia. No entanto, o que realmente preocupa é o impacto que situações como essa têm sobre a credibilidade do sistema democrático. Cada vez mais, os eleitores são bombardeados com demonstrações de como as regras podem ser contornadas sem grandes consequências. E é esse cinismo que, em última instância, desgasta a relação entre o cidadão e a política, afundando ainda mais a confiança já abalada nas instituições.

No fundo, fica a pergunta: até quando as eleições serão mais sobre quem consegue manipular melhor o sistema, e menos sobre quem realmente se propõe a governar com ética e responsabilidade? 



Tags: #PolíticaLocal #Eleições2024 #ImpunidadePolítica #BaixadaSantista #MPF

Postar um comentário

0 Comentários