São Sebastião, Guarujá e Praia Grande ultrapassam, com folga, a média mensal de chuvas de dezembro enquanto Defesa Civil emite alertas graves para deslizamentos
Chuvas intensas transformam ruas em rios e colocam vidas em risco no litoral paulista.Foto: Reprodição/Redes Sociais. |
As águas que deveriam trazer frescor ao verão no litoral paulista transformaram-se em um pesadelo líquido. A previsão sombria do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) confirmou-se com chuvas intensas que vêm castigando o litoral norte e sul de São Paulo, deixando rastros de transtornos, interdições e uma sensação coletiva de que o pior ainda está por vir. O alerta laranja emitido pelo INMET sinaliza perigo real, com volumes pluviométricos que extrapolaram qualquer expectativa para o mês de dezembro.
No Guarujá, por exemplo, a média mensal esperada era de 177,9 milímetros, mas os céus resolveram despejar impressionantes 322,7 milímetros sobre a cidade. Praia Grande, por sua vez, registrou 232,3 milímetros, enquanto São Sebastião acumulou 255 milímetros. E, como se as cifras não fossem suficientes para transmitir o cenário de calamidade, a Defesa Civil fez questão de reforçar o alerta: o solo está saturado, e a possibilidade de deslizamentos aumenta exponencialmente.
Em Bertioga, a Rodovia Mogi-Bertioga (SP-098) foi parcialmente interditada após um deslizamento no km 85, sentido sul. A liberação veio apenas no final do dia, mas não sem antes alimentar a apreensão de motoristas e moradores. Pequenas quedas de barreiras também foram registradas em acessos a São Sebastião e Ubatuba, mostrando que, por mais que as rodovias sejam liberadas, a natureza segue com a última palavra.
As projeções meteorológicas não oferecem nenhum alívio. O fim de semana promete mais chuva, mais vento e, com eles, mais riscos. As precipitações podem atingir até 100 milímetros diários, com ventos entre 60 e 100 km/h. Árvores tombadas, postes inclinados, fios elétricos rompidos e ruas que se transformam em rios são imagens que, lamentavelmente, já não surpreendem ninguém.
Diante do cenário alarmante, a Defesa Civil reiterou um manual de sobrevivência que pode parecer básico, mas cuja negligência tem custado vidas ano após ano. Evitar áreas abertas, manter distância de fios elétricos caídos e jamais desafiar a força das águas são instruções repetidas, mas frequentemente ignoradas. A recomendação é clara: se você mora em áreas de risco, esteja preparado para evacuar sua casa a qualquer sinal de movimentação no solo.
Além das cidades já citadas, outras regiões do litoral também sofrem com os impactos das chuvas. Em Peruíbe, o acumulado chegou a 84 milímetros, enquanto Mongaguá e São Vicente registraram volumes igualmente preocupantes. Até mesmo Santos, com seus tradicionais morros, não escapou: 68 milímetros castigaram o Morro São Bento, elevando o temor entre os moradores das encostas.
Enquanto os céus seguem despejando volumes absurdos de água, o subtexto que ninguém gosta de ler é inevitável: a infraestrutura das cidades litorâneas continua despreparada para enfrentar fenômenos climáticos que, ano após ano, se tornam mais intensos. Deslizamentos, alagamentos e tragédias anunciadas não são apenas culpa da chuva, mas também da negligência histórica com políticas públicas de prevenção e urbanização adequada.
Para receber alertas em tempo real, a Defesa Civil recomenda que moradores enviem um SMS com o CEP para o número 40199 ou acompanhem as atualizações em seus canais oficiais.
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