Uma acusação grave abala a rotina de uma rede de farmácias: gerente é denunciado por comportamento obsceno e assédio sexual
Fachada da unidade da farmácia em Santos onde ocorreu o episódio de assédio sexual, atualmente sob investigação. Foto: Reprodução/Google Maps. |
A rotina de Juliana (nome fictício), 26 anos, funcionária de uma rede de farmácias em Santos, foi transformada em um pesadelo no dia 13 de janeiro deste ano. Ela acusa o gerente de sua unidade, localizada na Rua Doutor Carvalho de Mendonça, de comportamento obsceno e assédio sexual durante o expediente.
Segundo o relato da vítima às autoridades, o ato ocorreu no andar superior da loja, um local sem monitoramento por câmeras. No episódio descrito, o gerente teria se aproximado com uma justificativa trivial, mas terminou exibindo comportamentos inaceitáveis. "Ele subiu dizendo que estava queimado de sol, levantou a camisa para mostrar o corpo e, não satisfeito, entrou no banheiro com a porta aberta. Ao sair, estava com a calça abaixada, cueca à mostra e uma ereção evidente", contou Juliana, ainda visivelmente abalada.
Juliana trabalha como auxiliar de serviços gerais e descreveu o clima tóxico e desconfortável no ambiente profissional. Ela relatou que o gerente costumava adotar comportamentos inapropriados com as funcionárias, como abraços insistentes e "brincadeiras" que ultrapassavam os limites do respeito. "Ele ficava chamando os pais de funcionárias mais jovens de sogro ou sogra. Sempre agia como se tivessemos alguma intimidade, mas eu nunca dei liberdade para isso", afirmou.
O ato mais recente, que culminou na denúncia, foi acompanhado por uma tentativa de silênciamento. "Ele pediu para que eu não falasse para ninguém, que era para deixar isso 'em off'", revelou Juliana. Imediatamente após o episódio, a funcionária deixou o local onde estava, aguardou o término do turno e registrou um boletim de ocorrência contra o superior.
Juliana também tentou acionar a gestão de recursos humanos da empresa, solicitando a transferência para outra unidade para evitar o contato com o gerente acusado. Apesar das promessas de investigação interna, ela denuncia uma postura apática por parte da empresa. "Eu mando mensagens, visualizam e não respondem. Quando respondem, pedem para eu esperar. Enquanto isso, eu tenho que ir trabalhar, senão fico com falta", lamentou.
A funcionária, que é casada e mãe de um filho, relatou também os impactos psicológicos do episódio. Desde o ocorrido, ela sofre com dores no estômago e frequenta consultas com um psicólogo, seguindo a orientação da própria empresa. "É difícil. A psicóloga fala para eu sair, me distrair, mas não é fácil virar a chave depois do que aconteceu", desabafou.
A denúncia lança luz sobre uma questão preocupante: a vulnerabilidade de trabalhadores, especialmente mulheres, em ambientes corporativos que deveriam zelar pela integridade e segurança de seus colaboradores. Apesar do boletim de ocorrência registrado e das promessas de apuração interna, Juliana enfrenta um longo caminho em busca de justiça.
Com a palavra, a rede Nissei;
A rede de farmácias informa que está apurando, de forma rigorosa, o caso relatado, incluindo a realização de sindicância interna. Reitera que desde o primeiro contato da colaboradora com o Departamento de Recursos Humanos, medidas imediatas foram adotadas, como sua transferência para outra unidade e a oferta de suporte psicológico especializado.
Assim que a sindicância for concluída, a companhia adotará todas as medidas necessárias e cabíveis, com seriedade e respeito. A empresa reitera que comportamentos dessa natureza são totalmente contrários aos valores e à política da companhia, que é pautada em oferecer um ambiente de trabalho ético, respeitoso e seguro para todos.
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