Sob fachada de hospedaria, imóvel abrigava engrenagem perversa de prostituição e subjugação, culminando na prisão da proprietária e no resgate de uma adolescente
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Imóvel em Praia Grande funcionava como casa de prostituição desmantelada pela polícia. Foto: Divulgação/Polícia Civil/Deinter-6. |
A Polícia Civil de Praia Grande desferiu um golpe certeiro contra a exploração sexual na última quinta-feira (15), ao fechar uma casa de prostituição que operava sob a dissimulada alcunha de "casa do prazer", no bairro Maracanã. A ação, deflagrada por agentes da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) após uma denúncia anônima, expôs um cenário deprimente de vulnerabilidade e lucro fácil às custas da desgraça alheia. No epicentro da teia criminosa, uma jovem de 23 anos, proprietária do imóvel na Avenida Guido Mangioca, foi presa em flagrante, enquanto uma adolescente de apenas 17 anos era libertada das garras da exploração.
O que se descortinou aos olhos dos policiais era um retrato cru e desolador da mercantilização do corpo. Em meio a preservativos descartados e apetrechos íntimos, cadernos rabiscados revelavam a lógica fria e calculista do negócio: valores estipulados, regras draconianas e a engrenagem de um ciclo vicioso de dívidas. As mulheres que ali labutavam como "garotas de programa" eram submetidas a uma extorsiva taxa diária de R$ 100 apenas para ter um teto, enquanto cada encontro sexual lhes rendia míseros R$ 150 – uma equação perversa que as mantinha presas a um sistema de exploração aparentemente sem escapatória.
A sordidez da situação ganhou contornos ainda mais sombrios quando, em diligência posterior para que as vítimas pudessem recolher seus pertences, os policiais se depararam com mais uma jovem recém-chegada. A novata, aliciada para ingressar naquele submundo de servidão sexual, ilustra a voracidade de um esquema que se alimenta da fragilidade e da desesperança.
A responsável pela casa, agora sob custódia da justiça, enfrentará o peso da lei por crimes graves: corrupção de menores, favorecimento à prostituição e manutenção de casa de exploração sexual, tipificados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e no Código Penal. Enquanto isso, a adolescente resgatada foi acolhida pela rede de proteção, na esperança de que possa reconstruir sua vida longe das sombras da exploração.
As autoridades seguem com as investigações, buscando desvendar todas as nuances desse caso abjeto e a possível participação de outros indivíduos nessa cadeia de abismos.
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