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Samba enredo na cadeia: Presidente de escola de samba de Santos desfila para a prisão por tráfico e ligação com o PCC

Barracão da folia vira boca de fumo e manda o manda-chuva da Vila Mathias direto para a jaula

O sonho carnavalesco desmoronou: o barracão da Vila Mathias, palco de alegrias, agora é cenário de uma prisão por tráfico e suposta ligação com o PCC. Foto: Divulgação/Polícia Civil.

Na ensolarada tarde de quinta-feira, 22, a rotina aparentemente festiva que emana dos barracões das escolas de samba de Santos sofreu um revés com tons deprimentes e pitadas de ironia. Vinicius Rafael do Nascimento Mendes, o Vini Negão para os íntimos e, aparentemente, para os tentáculos da lei, presidente do GRCES Vila Mathias, foi brindado com uma pulseira de prata, cortesia da Polícia Civil. O motivo? Uma apresentação nada triunfal no palco da ilegalidade: tráfico de drogas, com direito a alegações de uma suposta carteirinha de membro do Primeiro Comando da Capital (PCC).

O espetáculo da prisão ocorreu na própria quadra da agremiação, um local que, em tempos de folia, ecoa tambores e cavaquinhos, mas que, naquele fatídico instante, ressoava o som de algemas e o farfalhar de sacos plásticos repletos de substâncias ilícitas. A diligência policial, munida de um mandado de busca e apreensão – certamente menos festivo que um convite para o camarote –, desvendou um submundo onde a organização dos desfiles parecia ter uma sinistra contrapartida na logística da distribuição de entorpecentes pela Baixada Santista.

Segundo as investigações, Vini Negão já vinha sendo discretamente observado, como um carro alegórico suspeito em meio à avenida. Sua recente incursão a um conjunto habitacional no bairro Aparecida, a bordo de seu modesto Fiat Argo, seguido de um retorno estratégico ao QG da Vila Mathias, acendeu o alerta das autoridades. A suspeita era de que o presidente, além de reger a bateria e ditar o ritmo dos passistas, também orquestrava um esquema de armazenamento e distribuição de drogas para as famosas "biqueiras" da região. Uma dupla jornada, digamos, com horários e códigos de conduta bem distintos.

Com o apoio de equipes adicionais, a polícia adentrou o barracão, encontrando Vini Negão em companhia de outros seis figurantes nessa ópera bufa. Revistados, os coadjuvantes não portavam ilícitos, escapando momentaneamente dos holofotes da investigação. Contudo, a estrela principal daquela tarde não teve a mesma sorte. Em um pequeno aposento trancado a sete chaves – talvez imaginando que estivesse escondido como um confete perdido entre caixas de cerveja e refrigerantes –, foram descobertos treze robustos tijolos de cocaína, porções de maconha prensada, além de um kit completo de merchandising do narcotráfico: faca, balança de precisão, tesoura afiada, eppendorfs e materiais para embalar a "alegria" proibida. Para completar o cenário, R$ 4,7 mil em espécie e um celular foram encontrados com o protagonista da história.

Em um primeiro momento, segundo os relatos policiais, Vini Negão teria confessado o óbvio: que o barracão servia como um depósito de sua mercadoria ilícita, eximindo seus companheiros de qualquer responsabilidade. Um gesto, talvez, de um líder que assume o front, mesmo que seja o da criminalidade. Contudo, ao ser formalmente interrogado, a narrativa ganhou contornos mais teatrais. Vinicius negou veementemente a posse das drogas, alegando uma surpreendente falta de conhecimento sobre a existência delas em um local que, teoricamente, estava sob sua batuta. A desculpa do "galpão aberto", sem controle de entrada e saída, soou tão convincente quanto um carro alegórico sem rodas.

O presidente ainda tentou desviar a atenção, mencionando uma vindoura "Festa das Campeãs" – talvez imaginando que a celebração o blindaria de alguma forma – e a participação dos demais presentes na organização do evento. Uma tentativa pífia de transformar um flagrante em uma reunião de planejamento festivo.

Diante da materialidade dos fatos, a prisão em flagrante foi ratificada, e os outros seis figurantes, após serem ouvidos, ganharam um salvo-conduto de volta à liberdade, ao menos por ora. A Justiça, por sua vez, decretou a prisão preventiva de Vini Negão, selando seu destino, que agora inclui grades em vez de confetes. O Fiat Argo, outrora um meio de transporte para atividades suspeitas, foi devidamente apreendido, aguardando um futuro incerto, talvez o leilão.

Assim, a Vila Mathias, que se preparava para brilhar na avenida, agora estampa manchetes policiais, revelando que, por trás do brilho das fantasias e do ritmo contagiante, por vezes, escondem-se enredos bem mais sombrios. Resta saber se a escola encontrará um novo presidente a tempo de colocar o samba no pé – e longe da cana.


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