Peças públicas, ainda em bom estado, foram jogadas fora por desconhecido; Prefeitura alega que vestimentas são antigas, mas moradores questionam
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| Uniformes escolares da rede municipal de Santos foram encontrados descartados em contentor de lixo na Vila Belmiro, flagrante registrado por morador e fotógrafo. Foto: Reprodução/Redes Sociais/Luigi Bongiovanni. |
O que deveria vestir alunos da rede municipal de ensino de Santos acabou sendo tratado como lixo. Por volta das 10h30 desta terça-feira (15), um homem ainda não identificado foi flagrado descartando dezenas de uniformes escolares em um contentor de lixo na esquina das ruas Dr. Adolpho Assis e Araguaia, em plena Vila Belmiro. Os uniformes, com aparência de novos ou em bom estado de conservação, pertencem à Prefeitura de Santos e deveriam servir a estudantes da rede pública. Em vez disso, foram abandonados ao acaso, sob o risco de apodrecerem no meio do lixo urbano.
A cena chamou a atenção de moradores da região. Um deles, intrigado com o descarte incomum, resolveu verificar o que havia sido deixado no contentor. Deparou-se com camisetas, calças, shorts e blusas estampadas com o símbolo da rede municipal. O repórter fotográfico e professor universitário Luigi Bongiovanni foi acionado e documentou o flagrante.
Indignados, os moradores tomaram a iniciativa de guardar os uniformes até que a situação fosse resolvida. Horas depois, por volta das 15h, uma equipe da Guarda Civil Municipal (GCM) esteve no local, recolheu as peças e informou que seguiria orientação superior para registrar um boletim de ocorrência.
Embora o volume de cerca de 30 peças possa parecer pequeno, o episódio expõe uma questão muito maior: o desrespeito ao patrimônio público e o desprezo pela transparência na gestão de recursos da educação. Mesmo que, segundo a Secretaria de Educação de Santos, os uniformes sejam “antigos” e “usados”, a explicação não convence a população local — tampouco elimina o caráter irregular do descarte.
É importante frisar que, oficialmente, a prefeitura afirma incentivar a doação de uniformes usados diretamente nas escolas municipais. No entanto, não se sabe se houve tentativa de reaproveitamento ou qualquer controle sobre a destinação final desse material. A vice-prefeita e secretária de Educação, Audrey Kleys, compareceu ao local acompanhada da GCM, mas até o momento não há informações concretas sobre a origem das peças descartadas, tampouco se houve desvio, furto ou simples negligência administrativa.
O episódio denota a falta de controle e fiscalização na gestão de materiais públicos. Mais do que um desperdício simbólico, o caso sugere falhas operacionais graves, que envolvem desde a armazenagem até a destinação de bens que, ainda que tidos como "antigos", continuam pertencendo ao contribuinte.
Num momento em que tantas famílias enfrentam dificuldades financeiras e o poder público alega falta de recursos, jogar uniformes escolares no lixo é mais do que um descuido: é uma ofensa à dignidade da população.
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