Operação "Illudere" desarticulou rede criminosa que enganava e extorquia homens em estabelecimentos noturnos; suspeita foi detida no litoral paulista
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Celulares, veículo e outros objetos usados nos crimes foram apreendidos durante a Operação Illudere; mulher foi presa em Praia Grande por envolvimento com a quadrilha. Foto: Reprodução/Arquivo. |
Uma investigação do Ministério Público de São Paulo e da Polícia Civil revelou uma operação criminosa que, sob o disfarce de entretenimento noturno, escondia um esquema de extorsão orquestrado com frieza e precisão. Ontem, terça-feira (15), uma mulher foi presa em Praia Grande, na Baixada Santista, acusada de integrar uma organização cujas ações se concentravam principalmente em boates da região de Campinas, no interior de São Paulo.
A prisão é parte da chamada Operação Illudere, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em conjunto com o Departamento de Polícia Judiciária São Paulo Interior 2 (Deinter 2). A ação se estendeu por 14 cidades paulistas, com o cumprimento de dezenas de mandados judiciais.
Segundo as investigações, o grupo criminoso atraía homens para casas noturnas e, por meio de manipulações psicológicas e ameaças veladas ou explícitas, os obrigava a realizar pagamentos abusivos. Durante o tempo em que permaneciam no local, as vítimas ficavam sob o controle dos comparsas, sendo coagidas a transferir grandes somas em dinheiro — algumas vezes, sem sequer entender a totalidade do golpe.
A escolha do nome da operação, “Illudere”, que em latim significa “iludir” ou “enganar”, é simbólica e traduz com exatidão a engrenagem do crime: a promessa de prazer ou diversão que se tornava armadilha financeira. No decorrer de um ano, a quadrilha movimentou ao menos R$ 1,2 milhão, valor oriundo diretamente da exploração do constrangimento das vítimas.
Até o momento, 27 envolvidos já foram identificados. Na megaoperação, foram cumpridos 25 mandados de prisão temporária, dois de internação provisória de adolescentes e 30 mandados de busca e apreensão. Os alvos se espalhavam por municípios como Indaiatuba, Itupeva, Monte Mor, Sumaré, Hortolândia, Araras, Suzano, São Paulo, Caraguatatuba e várias cidades da Baixada Santista.
Na região litorânea, a ação se concentrou em três pontos: São Vicente (três mandados), Santos (um) e Praia Grande (um), onde a mulher suspeita foi detida. A ofensiva resultou em dez prisões, além da apreensão de um adolescente. Também foram recuperados diversos celulares, um veículo e uma adolescente vítima de exploração sexual.
A estrutura da operação policial impressiona: foram mobilizados 160 agentes, 54 viaturas e até mesmo uma aeronave, revelando a dimensão e a gravidade do caso. A caçada aos demais integrantes segue em curso, com diligências ainda em andamento.
O caso lança luz sobre um tipo de crime que combina sedução, ameaça e controle psicológico, expondo uma face menos visível — mas extremamente violenta — da exploração praticada em ambientes de lazer. A prisão em Praia Grande, longe de ser um ponto isolado, indica a capilaridade da rede criminosa, que já havia se infiltrado até mesmo no litoral paulista.
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