Polícia Civil prende dois suspeitos e apreende vasta quantidade de entorpecentes, armas e equipamentos em operação no Embaré
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Imagem mostra o momento em que a Polícia Civil apreende parte do material usado no sofisticado esquema de tráfico operado com entregas via motoboy em Santos. Foto: Divulgação/Polícia Civil. |
Em mais um retrato da audácia e sofisticação com que o crime organizado se infiltra na rotina urbana, a Polícia Civil de Santos desmontou um esquema inusitado e preocupante de tráfico de drogas que operava como se fosse um serviço de delivery de fast food — com cardápio digital, pagamento por pix, cartão e até criptomoedas.
Na manhã desta quarta-feira (16), agentes da 2ª Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (2ª DISE-DEIC), em operação deflagrada no bairro do Embaré, prenderam dois homens em flagrante, suspeitos de integrarem uma organização criminosa que já atuava há pelo menos cinco anos na Baixada Santista. A dupla é acusada de tráfico e associação ao tráfico.
O método utilizado pela quadrilha revela uma nova face do narcotráfico: a virtualização da ilegalidade. Por meio de listas de transmissão em aplicativos de mensagens, os traficantes ofereciam uma verdadeira "carta de entorpecentes", com variedades e preços atualizados, como num cardápio de restaurante. Os pedidos eram entregues por motoboys, reforçando a impressão de um serviço “moderno”, eficiente e personalizado — como um iFood do crime.
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, os investigadores localizaram um verdadeiro quartel-general do tráfico: além de expressiva quantidade de drogas, havia armas, munições, cadernos com anotações do comércio ilícito, máquinas de cartão, notebooks, celulares e material de embalagem.
Foram apreendidas 17 embalagens de haxixe (304 gramas), 15 de maconha (414 gramas), 61 de skunk (606 gramas), três caixas de cigarros eletrônicos com óleo de THC, além de potes, facas com resíduos de entorpecentes, balanças de precisão e outros apetrechos típicos de um laboratório artesanal de drogas. O arsenal encontrado incluía três armas de fogo e objetos de airsoft utilizados, possivelmente, para intimidação ou treinamento.
O uso de tecnologias como criptomoedas e métodos de pagamento digitais revela um nível de organização que beira o empresarial. Longe dos becos escuros e das trocas discretas em esquinas mal iluminadas, o tráfico se camufla agora entre os bits da internet, escancarando sua capacidade de adaptação aos tempos modernos — e zombando, muitas vezes, da fiscalização e das instituições.
Os presos foram encaminhados à delegacia, onde permanecem à disposição da Justiça. A polícia segue investigando a rede de contatos e possíveis ramificações do esquema, que pode envolver outros entregadores, fornecedores e até clientes com alto poder aquisitivo.
O caso levanta questionamentos sérios sobre a eficácia do combate ao tráfico em sua nova roupagem tecnológica. Enquanto os criminosos se modernizam, cabe às autoridades intensificarem suas estratégias para desarticular estruturas que operam com a mesma eficiência — ou até mais — do que muitas empresas legalmente constituídas.
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