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Relógio de ouro, Justiça relâmpago: Quando o crime contra o poder vira prioridade absoluta

Deputado é assaltado e relógio de luxo some. Meses depois, suspeito é preso e bem é devolvido. Já para os "sem cargo", a espera continua no balcão da ilusão

Rolex recuperado pela Polícia Civil após roubo ao deputado. Delegado Olim feliz e bandido preso. A operação exemplar contrasta com a morosidade que cerca vítimas sem poder ou cargo público. Foto: Reprodução/Redes Sociais.

Na São Paulo em que o tempo da Justiça parece parado no relógio quebrado da burocracia, há uma exceção que confirma a regra: quando a vítima é uma figura pública — melhor ainda se for da própria polícia. Foi o caso do deputado estadual Delegado Antonio Olim (PP), que, ao ter seu relógio Rolex arrancado do pulso em maio no Itaim Bibi, Zona Sul da capital, desencadeou uma caçada policial digna de filme, com final feliz — pelo menos para ele.

Na noite desta segunda-feira (21), após "meses de investigação", a Polícia Civil prendeu Gabriel Pedroza da Silva, conhecido como "Nerde". O suspeito foi localizado com o próprio objeto do desejo: o Rolex do deputado. Segundo o boletim de ocorrência, Gabriel ostentava, além do apelido de videogame, três mandados de prisão pendentes — ou seja, era figurinha carimbada da criminalidade, mas por alguma razão continuava circulando livremente até pôr as mãos (ou melhor, os dedos) no pulso errado.

O assalto, flagrado por câmeras de segurança, ocorreu com frieza profissional. O criminoso, pilotando uma moto, abordou Olim, que não reagiu. Fugiu com o relógio de luxo como se soubesse que, em tempos normais, a impunidade costuma andar de carona. Mas desta vez a sorte virou. A Divisão de Investigações sobre Crimes Patrimoniais de Automóveis e Cargas (1ª DISCCPAT) mobilizou recursos, agentes e tempo — muito tempo — para resolver o caso. E resolveu.

Horas depois da prisão, o deputado foi chamado à sede do DEIC para reaver seu bem de valor. Sorridente, recuperou o relógio. Já o restante da população, vítima de furtos, roubos, latrocínios ou desaparecimentos, continua aguardando ser chamada — quem sabe um dia — para recuperar algo, ainda que seja só a dignidade perdida diante de um sistema de segurança que só acelera quando há sobrenome de peso envolvido.

Vale lembrar: essa não é a primeira vez que Olim se vê às voltas com a violência. Em 2022, também foi alvo de assalto, acompanhado do atual delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, em Higienópolis. Na ocasião, o comparsa de crime acabou baleado após reação armada. Outro exemplo de que o crime, quando bate na porta errada, costuma levar chumbo — ou cadeia. Já quando atinge o morador do Jardim Ângela, da Vila Margarida ou do Humaitá, talvez nem o boletim de ocorrência tenha serventia além de alimentar estatística.

O caso expõe, mais uma vez, o velho dilema brasileiro: a polícia que pode ser veloz como um míssil quando quer, mas costuma ser lenta como um processo judicial quando se trata de proteger o cidadão comum. A eficiência seletiva virou rotina. O tempo, ao que parece, vale mais para uns do que para outros — principalmente quando vem cravado em ouro suíço.


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