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Natal monumental, problemas reais: O dilema das prioridades na gestão pública em Praia Grande

Proposta de erguer duas árvores de Natal de 75 metros acende debate sobre a alocação de recursos públicos frente a carências em áreas essenciais

Enquanto a Prefeitura estuda a construção de árvores de Natal de 75 metros para encantar e atrair turistas, muitos moradores questionam: este investimento gigantesco é a real prioridade do município? A grandiosidade do projeto contrasta com as necessidades diárias em áreas essenciais. Foto: Reprodução/Redes Sociais.

Enquanto a cidade se depara com suas demandas cotidianas e crônicas, a administração municipal cogita um projeto de proporções faraônicas para as festividades de fim de ano: a instalação de duas árvores de Natal monumentais, com 75 metros de altura cada. A proposta, que promete um espetáculo de luzes de microLEDs e efeitos visuais programáveis, visíveis a quilômetros de distância, lança uma luz intensa não apenas sobre a orla, mas sobre uma questão muito mais profunda: a ordem de prioridades do poder público.

A justificativa oficial para o investimento, que sucede a já imponente árvore de 45 metros do ano anterior, ancora-se na expectativa de "encantar moradores e turistas", "impulsionar o comércio" e "movimentar o turismo". São, sem dúvida, objetivos louváveis. Contudo, a estratégia levanta um questionamento inevitável: seria um ornamento natalino, por mais grandioso que seja, a ferramenta mais eficaz e responsável para atingir tais fins?

O debate não reside na validade da celebração ou na importância de uma cidade bem decorada. A crítica se aprofunda na discrepância entre o caráter efêmero de uma decoração de Natal e a natureza perene dos problemas enfrentados pela população. O investimento, certamente milionário – ainda que os valores não tenham sido divulgados –, para erguer estruturas temporárias contrasta de forma gritante com as filas nos postos de saúde, a demanda por vagas em creches e as necessidades de melhorias em saneamento básico e pavimentação em diversos bairros.

A narrativa de que tais estruturas se tornarão "marcos visuais" e criarão "momentos inesquecíveis" parece ignorar que memórias familiares também são construídas com a segurança de um bom atendimento médico, a tranquilidade de ter um filho na escola e a dignidade de viver em uma rua com infraestrutura adequada. O espetáculo luminoso, por mais belo que seja, não pode ofuscar a realidade.

Em última análise, a ambição de dobrar a aposta em uma decoração natalina, elevando-a a um patamar de gigantismo, pode ser interpretada menos como um presente para a população e mais como um sintoma de uma gestão focada no espetáculo, na imagem e no impacto midiático de curto prazo.

Fica a pergunta: as luzes monumentais servirão para iluminar a cidade ou para criar uma cortina de fumaça sobre os desafios que realmente importam? O verdadeiro encanto para os cidadãos talvez não esteja em uma árvore de 75 metros, mas na certeza de que os recursos públicos são aplicados com sabedoria, transparência e, acima de tudo, priorizando o bem-estar coletivo e permanente.


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