Programa do Governo de SP percorre o estado, mas levanta questionamentos sobre efetividade e motivações políticas
Carreta do programa "Mulheres de Peito" estacionada em Guarujá, SP. |
Em meio à crescente preocupação com a saúde feminina e o combate ao câncer de mama, o programa "Mulheres de Peito" do Governo de São Paulo, que leva carretas equipadas com mamógrafos a diversos municípios, tem sido alvo de elogios e críticas. Enquanto o governo celebra os mais de 15 mil exames realizados nos primeiros seis meses de 2024, especialistas e cidadãos questionam a efetividade da iniciativa e levantam suspeitas sobre possíveis motivações eleitoreiras.
A promessa de diagnóstico precoce e tratamento gratuito para mulheres acima de 35 anos é inegavelmente atraente. No entanto, a distribuição de senhas por ordem de chegada e a limitação de atendimento a 50 mulheres por dia em dias úteis e 25 aos sábados, levantam dúvidas sobre a real capacidade do programa em atender à demanda.
Além disso, a falta de agendamento prévio para mulheres entre 35 e 49 anos pode gerar longas filas e espera, desencorajando muitas a buscar o exame. A exigência de pedido médico para mulheres acima de 70 anos também pode ser um obstáculo para aquelas com dificuldade de acesso a consultas médicas regulares.
Outro ponto que merece atenção é a centralização dos laudos no Serviço Estadual de Diagnóstico por Imagem (SEDI), localizado na capital paulista. Essa logística pode gerar atrasos na entrega dos resultados e dificultar o acompanhamento das pacientes, especialmente aquelas que residem em municípios distantes.
A proximidade das eleições e a divulgação ostensiva do programa pelo governo também levantam suspeitas sobre a real motivação da iniciativa. A utilização da saúde como plataforma eleitoral é uma prática antiga e condenável, que coloca em risco a credibilidade das políticas públicas e a confiança da população nos governantes.
É inegável que o diagnóstico precoce do câncer de mama é fundamental para aumentar as chances de cura e salvar vidas. No entanto, é preciso que o programa "Mulheres de Peito" seja avaliado de forma crítica e transparente, levando em consideração não apenas o número de exames realizados, mas também a qualidade do atendimento, a efetividade do diagnóstico e o acompanhamento das pacientes.
A saúde não pode ser tratada como moeda de troca eleitoral. É preciso que o governo e a sociedade se unam em busca de soluções efetivas e duradouras para o combate ao câncer de mama, priorizando a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, sem interesses políticos ou partidários.
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