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PM é expulso após cobrar propina do PCC para facilitar tráfico de drogas

 Policial Militar de São Paulo é exonerado após longas investigações decorrentes da Operação Ubirajara

O escândalo de corrupção na PMSP revela a influência do PCC dentro da corporação e expõe uma rede de propinas entre policiais e traficantes.

A Polícia Militar de São Paulo (PMSP) enfrenta uma das maiores crises de sua história após a revelação de um escândalo de corrupção que abalou a corporação. O soldado Michel Barbosa Coelho, do 48º Batalhão da Polícia Militar (BPM), foi expulso da força policial por receber propina do Primeiro Comando da Capital (PCC) em troca de facilitação do tráfico de drogas. Este caso levou 53 policiais militares ao banco dos réus, marcando um dos maiores julgamentos militares do Brasil.

Coelho estava entre os agentes presos durante a Operação Ubirajara, conduzida pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP). A operação revelou que uma equipe de policiais negociava propinas com traficantes do PCC, especificamente para permitir que o comércio de drogas operasse sem interferências policiais no Jardim Marajoara, em São Paulo.

Segundo a denúncia, Coelho integrava uma equipe que recebia valores de traficantes para não prender criminosos ligados ao PCC. Gravações telefônicas capturadas durante a investigação revelaram diálogos comprometedores entre o cabo Dário Satilite, conhecido como "Habbib’s", e um traficante identificado como "Revolta". Nas conversas, detalhes sobre os locais e horários de entrega das propinas eram discutidos abertamente.

Diálogo Interceptado:

Revolta: E aí, Habbib’s!  

Cabo Satilite: E aí, moleque, suave?  

Revolta: (...) farol de baixo.  

Cabo Satilite: Não entendi.  

Revolta: Suave!  

Cabo Satilite: E aí? O menino falou pra eu encostar lá no coisa lá, e aí?  

Revolta: Então, a caminhada é o seguinte, vou ligar nele aqui que já estava na mão com ele lá, entendeu? Vou ligar nele aqui e falar pra você ir lá na rua lá, na, sem embicar lá o comércio, uma rua do lado lá, entendeu?  

Cabo Satilite: Sei, ele falou pra eu ir lá em baixo lá, atrás do escadão lá.  

Revolta: É. Então, vou ligar nele aqui agora.  

Cabo Satilite: (...) fala pra ele ir lá que eu já estou lá já.  

Revolta: Tá bom, suave!  

Cabo Satilite: O, o, deixa eu falar pra você...  

Revolta: Ãn?  

Cabo Satilite: O Indiana Jones conseguiu desenrolar o mês passado aí, meu?  

Revolta: Conseguiu!  

Cabo Satilite: Não, beleza! Suave!  

Revolta: Falou!  

Cabo Satilite: Falou!

A análise dos boletins de serviço do 22º BPM/M confirmou a presença de Coelho na viatura nos dias em que o dinheiro era entregue. De acordo com as investigações, as equipes policiais recebiam entre R$ 500 e R$ 1.500 mensais para garantir que os pontos de venda de drogas operassem sem intervenção. Em troca, os policiais evitavam patrulhar as áreas, avisavam sobre operações policiais iminentes e até alteravam documentos públicos para evitar a prisão de traficantes ou apreensão de drogas.

A Operação Ubirajara culminou na prisão de 53 policiais militares. Destes, 42 foram condenados a penas que variam de 5 a 83 anos de prisão. Este julgamento, o maior da história militar brasileira, expôs uma rede de corrupção sistêmica dentro da PMSP, levantando sérias questões sobre a integridade e eficácia das forças policiais na luta contra o crime organizado.

Este caso emblemático lança luz sobre a necessidade urgente de reformas estruturais na Polícia Militar e de mecanismos mais eficazes de controle e fiscalização para evitar que episódios similares se repitam. A confiança pública nas instituições de segurança foi profundamente abalada, e a resposta a essa crise determinará a capacidade do Estado de restaurar a ordem e a justiça.



Tags: #CorrupçãoPolicial #PCC #TráficoDeDrogas #Justiça #SegurançaPública #OperaçãoUbirajara

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