Rotina do absurdo: homem é detido pela sétima vez pelo mesmo crime e segue desafio à justiça
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Drogas apreendidas pela Polícia Militar durante a prisão do traficante reincidente em Mongaguá. Foto: Divulgação/Polícia Militar. |
No enredo tragicômico do submundo do crime, a história de um homem preso pela sétima vez por tráfico de drogas em Mongaguá reforça a sensação de que a justiça penal brasileira funciona como uma roleta russa, na qual a sorte parece favorecer reincidentes. O caso ocorreu na noite do último sábado (15), no Balneário Flórida Mirim, e levanta questionamentos sobre o ciclo interminável de prisões e solturas que permeia o sistema judiciário.
De acordo com a Polícia Militar, durante patrulhamento de rotina, uma equipe da 1ª Companhia do 29º Batalhão se deparou com dois indivíduos em atitude suspeita em uma esquina. Ao perceberem a aproximação dos agentes, os homens se dispersaram rapidamente, e um deles tentou se desfazer de uma sacola plástica, jogando-a em um vaso na calçada.
A abordagem revelou o previsível: em posse do suspeito, os policiais encontraram um papel contendo anotações relacionadas ao tráfico de drogas. Confrontado com as evidências, o homem confessou que a sacola continha entorpecentes prontos para a comercialização. O que poderia ser apenas mais um caso rotineiro de repressão ao tráfico tornou-se um retrato fiel da impunidade: ao consultar os registros, a polícia confirmou que aquele não era um delinquente iniciante. Pelo contrário, tratava-se de um velho conhecido do sistema prisional, já tendo sido preso seis vezes anteriormente pelo mesmo crime.
O desfecho previsível se repetiu. O traficante foi conduzido ao Distrito Policial, onde permaneceu à disposição da Justiça. No entanto, a grande interrogação que paira sobre o caso é: por quanto tempo? Com a reincidência evidente, surge a dúvida se o criminoso enfrentará uma pena realmente eficaz ou se, em breve, estará de volta ao mesmo ponto da cidade, conduzindo sua rotina ilícita como se fosse um trabalho com carteira assinada.
A história desse homem é um espelho do que acontece em tantas outras regiões do país. A fragilidade da legislação, a morosidade do Judiciário e a ausência de medidas eficazes de ressocialização transformam o crime em um ciclo sem fim, onde os mesmos personagens voltam ao palco, como atores de uma peça sem encerramento.
Resta saber até quando casos como esse serão tratados como meros episódios corriqueiros de um sistema que insiste em dar segundas, terceiras, quartas e, nesse caso, até sétimas chances.
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