Após queixa de vizinhos cansados de serenatas indesejadas, PM descobre tesouro químico no Morro do São Bento, escancarando um submundo bastante agitado
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Mochila esquecida no Morro do São Bento revelou um "menu" variado de substâncias ilícitas, transformando uma simples denúncia de barulho em flagrante de tráfico. Foto: Divulgação/Polícia Militar. |
Na noite do último domingo (25), enquanto famílias santistas se preparavam para embalar seus sonhos e o Morro do São Bento, em tese, repousava sob o manto estrelado, um chamado inusitado ecoou nos rádios da Polícia Militar. A melodia dissonante de uma perturbação do sossego, um concerto noturno não solicitado, irrompia a tranquilidade local, demandando a atenção das autoridades. Mal sabiam os bravos policiais que atenderam à ocorrência que a busca pela paz alheia os conduziria a uma descoberta bem mais… animada.
Ao chegarem ao epicentro da algazarra denunciada, os agentes da lei constataram o óbvio: o barulho cessara, a orquestra improvisada havia silenciado, talvez sob o peso dos olhares furiosos dos vizinhos ou por um senso repentino de decoro. O que restou, como um troféu esquecido de uma farra repentinamente interrompida, foi uma modesta mochila, abandonada como um espectro da festividade extinta.
E foi nessa humilde bolsa que a noite, outrora perturbada por decibéis excessivos, revelou sua verdadeira natureza caótica. Longe de partituras musicais ou instrumentos barulhentos, o que os policiais encontraram foi um verdadeiro "kit de ilicitudes" para uma noite… digamos… mais intensa. Como se a mochila fosse um baú de segredos mal guardados, jorraram de seu interior embalagens repletas de substâncias capazes de alterar a percepção da realidade de maneiras bastante peculiares.
A variedade era digna de um cardápio degustação para apreciadores de "viagens" de todos os tipos. A velha e conhecida maconha, com seu aroma inconfundível e promessas de relaxamento duvidoso, marcava presença. O efêmero lança perfume, com seu poder de nublar a mente em segundos, também integrava o inventário. A sempre clássica cocaína, com seu potencial de euforia fugaz e intensamente destrutiva, também estava lá. E como se a festa não pudesse parar, comprimidos coloridos de êxtase e o misterioso dry, essa poção sintética em pó que assombra as noites eletrônicas, completavam a seleção.
Ao final da contagem, a balança da lei registrou um total de 2,615 kg de sonhos (ou pesadelos, dependendo do ponto de vista) engarrafados e ensacados, prontos para serem distribuídos a ávidos consumidores. Uma quantidade nada desprezível, capaz de animar muitas noites – e de gerar muita dor de cabeça para as autoridades.
A ocorrência, que começou com a prosaica reclamação de vizinhos buscando o direito fundamental ao sono tranquilo, escalou para um flagrante de tráfico de drogas, expondo a tênue linha que separa o barulho da ilegalidade, a festa do delito. O caso agora repousa nos arquivos da Central de Polícia Judiciária, aguardando o desenrolar das investigações para identificar os proprietários da mochila e desvendar os bastidores dessa sinfonia do silêncio que culminou em uma farta colheita de ilícitos. Resta saber se os responsáveis pela perturbação noturna e pelo "delivery" de entorpecentes terão agora bastante tempo para refletir sobre as consequências de suas escolhas, em um ambiente onde o silêncio, ironicamente, é a regra.
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