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Praia Grande: O sorriso amarelo da saúde bucal

Cursos de especialização viram engodo e população pena com a falta de material nas USAFAs

Nas USAFAs de Praia Grande, a rotina do dentista em especialização se resume a um receituário de analgésicos: a falta de material transforma o aprendizado em frustração e o atendimento em espera. Foto: Reprodução/Internet.

Enquanto a prefeitura ostenta uma rede odontológica "robusta e estruturada", a realidade escancara um cenário de abandono, onde futuros especialistas em saúde da família são relegados a prescrever paliativos e cidadãos são recebidos com um sonoro "não há material". O conto de fadas da saúde pública praiagrandense desmorona, revelando um descaso que dói mais que cárie profunda.

Na ensolarada Praia Grande, enquanto turistas desfrutam da orla e a prefeitura se vangloria de uma suposta excelência na saúde bucal, uma realidade sombria se esconde nos consultórios das Unidades de Saúde da Família (USAFAs). O que deveria ser um ambiente de aprendizado e cuidado se transformou em um palco de frustração e ineficiência. Dentistas em processo de especialização em odontologia da família, que deveriam estar aprimorando suas habilidades para atender a população, veem seus dias de residência se resumirem a uma rotina de receitar analgésicos. A cena beira o tragicômico: futuros especialistas, munidos de diplomas e boa vontade, impotentes diante da gritante falta de insumos básicos para realizar procedimentos.

O nível de descalabro atinge patamares alarmantes quando o contribuinte, aquele que religiosamente cumpre com suas obrigações fiscais, busca alívio para suas dores e se depara com a fria e desoladora notícia: "Não há material para atendimento". A informação, transmitida sem cerimônia, ecoa como um tapa na face da propaganda oficial que insiste em pintar um quadro róseo da saúde municipal. A pergunta que ecoa nos corredores das USAFAs e nas mentes dos cidadãos é cruel e direta: para onde está indo o dinheiro dos impostos? Estaria ele sendo engolido por festejos bairristas e outras amenidades que em nada contribuem para o bem-estar da população?

A situação é tão absurda quanto um tratamento de canal sem anestesia. Como esperar que profissionais em formação adquiram a expertise necessária se lhes são negados os instrumentos básicos de trabalho? Seria este um macabro treinamento para a escassez, uma preparação para um futuro distópico onde a falta de recursos será a nova norma? Urge que os órgãos de classe e as entidades fiscalizadoras lancem um olhar crítico e investigativo sobre o que realmente está acontecendo nos bastidores da saúde bucal de Praia Grande. A suspensão imediata desses cursos de residência, até que o erário municipal consiga reestruturar o sistema e garantir condições dignas de aprendizado e atendimento, seria uma medida drástica, porém necessária, para estancar essa sangria de ineficiência.

A retórica oficial de uma rede odontológica "vasta" e "estruturada" soa como uma piada de mau gosto para quem sofre com dores lancinantes e encontra as portas dos consultórios fechadas pela falta de material. A população, em sua angústia, não busca um profissional simpático e bem apessoado; anseia por alguém que possa efetivamente solucionar seu problema. E para isso, a matéria-prima é tão essencial quanto o conhecimento técnico.

É imperativo que a população se torne vigilante, transformando a indignação em denúncia. Cada recusa de atendimento por falta de material deve ser comunicada aos órgãos competentes: Ministério Público, Tribunal de Contas – todos devem ser acionados para investigar o sumiço dos recursos públicos. Afinal, o dinheiro que deveria ser investido na saúde dos munícipes parece evaporar em comemorações triviais, deixando um rastro de dor e abandono.

O problema, contudo, parece ser sistêmico. A saúde em Praia Grande agoniza em um leito de precariedade generalizada. A falta de medicamentos se tornou mais comum do que a disponibilidade nas prateleiras das farmácias, um fenômeno que, curiosamente, coincide com a ascensão da nova gestão. A leitura que se faz, amarga e inevitável, é que a saúde não figura entre as prioridades do atual executivo. As ações, ou a falta delas, falam mais alto que qualquer discurso.

Para agravar o quadro, o desvio de função dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) surge como mais um sintoma de uma gestão caótica. Profissionais que deveriam ser a ponte entre a comunidade e os serviços de saúde, promovendo prevenção e facilitando o acesso, são desviados para tarefas burocráticas dentro das USFAS. Essa manobra administrativa nefasta engessa um elo crucial do sistema, afastando ainda mais a população necessitada do atendimento que lhe é de direito.

Diante deste cenário desolador, a revisão urgente dos cursos de residência se apresenta não apenas como uma medida de proteção aos futuros profissionais, mas como uma forma de pressionar o poder executivo a cumprir sua obrigação primordial: zelar pela saúde daqueles que o elegeram e que, diariamente, sentem na pele a negligência de uma gestão que parece mais preocupada com a próxima festividade do que com o bem-estar de seus cidadãos. Em Praia Grande, o sorriso da saúde bucal se tornou um rictus de dor e indignação.



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