Operação sigilosa em Peruíbe termina com dois homens presos em flagrante; dupla controlava a venda e distribuição de drogas em região estratégica do litoral
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| Drogas, celulares e "petrechos" utilizados pelos homens presos para comercializar entorpecentes em Peruíbe. Foto: Divulgação/Polícia Civil. |
Na calada da madrugada, entre as ruas estreitas do bairro Ilha Grande, em Peruíbe, a Polícia Civil executou uma operação cirúrgica que pôs fim a uma célula do tráfico de drogas que atuava com estrutura quase empresarial. Dois homens, de 55 e 23 anos, foram capturados em flagrante, em uma ação que reuniu inteligência policial, monitoramento silencioso e ação precisa.
A operação foi resultado de semanas de investigação. Policiais civis especializados em repressão ao tráfico realizaram um trabalho minucioso de vigilância velada. Sem sirenes, sem alardes, os agentes passaram a observar os movimentos no entorno de um ponto já conhecido por denúncias anônimas. O local, segundo informações colhidas pela investigação, funcionava como um entreposto de drogas, com logística, divisão de tarefas e hierarquia interna.
O primeiro a ser localizado foi o mais velho dos suspeitos, identificado por suas características físicas já mencionadas em denúncias: cabelos grisalhos, camisa de time e bermuda. Abordado pelos investigadores, ele portava 46 porções de crack, 48 porções de maconha embaladas para venda, além de um caderno com anotações do tráfico e R$ 46 em espécie — o caixa do dia.
Durante o interrogatório preliminar ainda no local, o suspeito revelou que sua função era de “operador” da venda direta e que respondia a um “gerente”, figura responsável por recolher o dinheiro do ponto, repassar ordens e redistribuir a mercadoria. O relato fez os agentes intensificarem a busca pelo segundo homem, que não demorou a ser localizado a cerca de 500 metros dali.
O jovem, de apenas 23 anos, ao perceber a aproximação dos policiais, entrou em desespero. Em uma manobra desesperada para evitar a exposição de provas que poderiam comprometer toda a cadeia criminosa, destruiu com as próprias mãos três aparelhos celulares que carregava. Mas a tentativa foi em vão. Foi alcançado e detido pelos policiais.
Sem portar documentos, sua identidade precisou ser confirmada por meio de análise papiloscópica. Apesar da pouca idade, o “gerente” já colecionava antecedentes por tráfico, roubo e lesão corporal, segundo consta nos arquivos da Polícia Civil. O homem mais velho também possuía uma ficha extensa, o que indica reincidência na prática criminosa.
O bairro Ilha Grande não é apenas mais um ponto de venda. A região é conhecida por sua localização estratégica — próxima a saídas rápidas, áreas de mata e vias de acesso aos bairros periféricos de Peruíbe. Isso torna o controle do território disputado por facções, e o tráfico ali atua com estrutura de microgestão, simulando padrões empresariais: divisão de funções, metas diárias de venda e sistema de auditoria rudimentar, baseado em cadernos e aplicativos.
A atuação do “gerente” preso nesta operação vai muito além da coleta de dinheiro. Segundo os investigadores, esse tipo de figura exerce poder sobre a comunidade local, muitas vezes usando ameaças veladas, coação e benefícios para manter o silêncio e garantir a proteção da “biqueira”. Trata-se de uma engrenagem da criminalidade que avança de forma insidiosa em territórios onde o Estado muitas vezes é ausente ou ineficiente.
Ambos os suspeitos foram conduzidos à cadeia pública da região, onde permanecem à disposição da Justiça. A polícia agora se concentra na análise de elementos apreendidos, como os fragmentos dos celulares destruídos, que podem conter dados valiosos sobre fornecedores, outros pontos de venda e envolvidos na rede.
“As investigações continuam. Nosso objetivo é desarticular toda a estrutura dessa organização criminosa”, declarou um dos investigadores responsáveis, que preferiu manter anonimato por questões de segurança.
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