Vídeo publicado nas redes sociais provoca indignação, denúncias de crime ambiental e levanta questionamentos sobre ética na esfera pública municipal
Um vídeo publicado nas redes sociais por um dos filhos do presidente da Câmara Municipal de Itanhaém, o vereador conhecido como Naldo do Bodeguita, provocou uma onda de indignação entre moradores da cidade. As imagens, que teriam sido registradas em ambiente privado, expõem uma suposta rinha de galos — prática condenada por legislações federais e considerada crime ambiental no Brasil.
A repercussão foi imediata: além da revolta generalizada nas redes sociais, moradores denunciaram formalmente o caso às autoridades competentes. Segundo relatos, as denúncias resultaram em retaliações e ameaças contra os denunciantes, que já identificaram os autores das intimidações e registraram boletins de ocorrência junto à Polícia Civil.
O episódio traz à tona discussões delicadas sobre a lisura exigida de figuras públicas e seus entes próximos. Ainda que as ações individuais de familiares não possam ser automaticamente atribuídas àqueles que exercem cargos políticos, espera-se da chamada “família pública” — especialmente em um clã político local — uma conduta compatível com os valores que a sociedade impõe à vida pública.
A cobrança por parte da população vai além da responsabilização do autor da postagem. Munícipes exigem um posicionamento firme do secretário municipal de Meio Ambiente, cujo cargo exige compromisso com a preservação ambiental. A pressão é ainda mais simbólica porque, recentemente, a própria pasta organizou um concurso para eleger a ave símbolo da cidade — o que gerou ironia nas redes diante da exibição de uma possível rinha envolvendo justamente galos.
O caso se insere em um contexto legal claro e rigoroso. O Decreto nº 50.620, de 1961, proíbe expressamente a realização de rinhas de galos e eventos similares, enquanto a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998) prevê punições severas, incluindo detenção e multa, para atos que envolvam maus-tratos, ferimentos ou mutilações em animais.
Diante do episódio, o silêncio das autoridades municipais envolvidas — incluindo o titular do Legislativo e os responsáveis pela pasta ambiental — tem sido alvo de críticas. A sociedade civil organizada e cidadãos comuns esperam transparência, providências legais e principalmente a reafirmação do compromisso ético por parte de quem ocupa cargos públicos, direta ou indiretamente afetado por condutas de familiares.
Em tempos de crescente vigilância da população sobre os atos do poder público, escândalos como este colocam em xeque a coerência entre o discurso institucional e as práticas cotidianas daqueles que, por dever, devem zelar pelo bem comum. A máxima de que "nenhum pai pode pagar pelos erros do filho" não pode ser confundida com a tolerância ao silêncio conivente diante de possíveis crimes — especialmente quando estes violam não apenas leis, mas também os valores mínimos da coletividade.
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