Em um complexo xadrez investigativo e o cruzamento de informações levaram agentes do 3º DP de Santos a desarticular o grupo criminoso em Praia Grande
O que parecia ser o roteiro de um crime meticulosamente planejado começou a desmoronar peça por peça, culminando, na manhã da última terça-feira (10), na captura de três homens acusados de participar de uma audaciosa tentativa de roubo em um edifício residencial na Ponta da Praia, um dos bairros mais nobres de Santos. A operação, deflagrada pelo 3º Distrito Policial (DP) de Santos em Praia Grande, representa um duro golpe contra a criminalidade organizada que atua no litoral paulista.
A investigação rebobina para a manhã de 3 de maio. Naquela data, quatro indivíduos, portando armas de fogo, utilizaram um controle de garagem para invadir um condomínio na Praça Nossa Senhora do Carmo. O alvo era claro: o apartamento 64. Com violência e precisão, tentaram arrombar a porta da residência, visando subtrair itens de alto valor.
A ação, no entanto, não saiu como o esperado. Por razões que ainda são parte do quebra-cabeça investigativo, os criminosos não conseguiram acessar o imóvel. Durante a incursão, renderam e ameaçaram funcionários do prédio, semeando pânico antes de baterem em retirada. A fuga foi o primeiro ato de uma estratégia para despistar as autoridades.
O bando escapou em um Hyundai Tucson, que mais tarde se revelaria uma peça-chave na investigação. O veículo ostentava placas clonadas (KYG-2H53), uma cortina de fumaça para ocultar sua verdadeira identidade: um carro furtado em Santo André, com placas originais PEK-7G91. A tentativa de despiste continuou quando o grupo abandonou o automóvel no estacionamento de uma churrascaria em Santos e, em uma manobra ousada, seguiu a pé até o terminal das balsas, cruzando para Guarujá, na esperança de se dissolver na multidão e apagar seus rastros.
Foi nesse ponto que a equipe do 3º DP, sob o comando da delegada Lígia Christina Villela, iniciou um trabalho técnico e paciente para puxar o fio da meada. "O roubo deu errado, tudo deu errado para eles", afirmou a delegada, destacando a frustração do plano original dos assaltantes.
Os investigadores mergulharam em um extenso trabalho de inteligência. Imagens de câmeras de segurança do condomínio, de estabelecimentos comerciais próximos e, crucialmente, do sistema de monitoramento da Prefeitura de Santos, foram minuciosamente analisadas. Essas gravações foram determinantes, permitindo mapear não apenas a rota de fuga do Tucson, mas também a movimentação dos suspeitos após abandonarem o veículo.
Paralelamente, depoimentos de testemunhas que presenciaram tanto o ataque quanto a fuga foram colhidos e confrontados. A análise de redes sociais e o levantamento de vínculos criminais dos investigados revelaram um histórico preocupante: todos já possuíam passagens por crimes contra o patrimônio e tráfico de drogas.
"Confrontando os perfis com as imagens que obtivemos, conseguimos identificar quatro dos homens envolvidos na ação", explicou a delegada Villela. Com as identidades confirmadas, a Justiça expediu os mandados de prisão temporária.
A operação em Praia Grande foi o xeque-mate. Kelvin Soares Salerno, Felipe Silvestre Montefusco e Thiago Moreira Martins Magalhães foram localizados e presos. Durante as buscas nos endereços ligados aos suspeitos, os policiais encontraram as roupas que eles usavam no dia do crime – uma prova material que os conecta diretamente à cena filmada. Aparelhos celulares também foram apreendidos e agora passam por perícia, podendo revelar novas provas e, possivelmente, a identidade de um quinto integrante do bando, cuja participação ainda é investigada.
O quarto homem identificado, Renan de Lima Beserra, não foi encontrado durante a operação e é considerado foragido. "Continuamos em busca do quarto envolvido e trabalhando para a identificação do quinto criminoso", concluiu a delegada, sinalizando que a caçada ainda não terminou.
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