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Operação Gato Molhado: Na Baixada Santista, a caçada silenciosa aos ladrões de água ganha força com tecnologia e tolerância zero

Ações de inteligência revelam fraudes milionárias em construções, e os responsáveis podem enfrentar até oito anos de reclusão

Equipes da Sabesp, com apoio da Polícia Militar, em campo durante operação de combate a fraudes hidráulicas na Baixada Santista. Foto: Divulgação/Sabesp.

Em uma investigação minuciosa, o subsolo da Baixada Santista tornou-se o palco de uma guerra silenciosa e invisível. De um lado, fraudadores que, na calada da noite ou à luz do dia, desviam um dos bens mais preciosos da atualidade: a água. Do outro, equipes cada vez mais especializadas que, munidas de tecnologia de ponta, rastreiam cada gota desviada. O placar, ao que tudo indica, está virando.

Desde o início de 2025, a Sabesp deflagrou uma ofensiva sem precedentes contra os chamados "gatos" – as ligações clandestinas de água. Em um balanço que impressiona, de 1.601 vistorias realizadas nos nove municípios da região, nada menos que 967 irregularidades foram descobertas e desfeitas. O número representa um salto monumental de 262% em comparação com os 267 casos identificados no mesmo período de 2024, um claro indicativo de que o cerco se fechou.

O famoso "jeitinho brasileiro", ao que parece, encontrou um adversário à altura, que agora utiliza inteligência artificial para cruzar dados e identificar anomalias nos padrões de consumo que o olho humano dificilmente perceberia.

A mais recente e cinematográfica cena dessa operação ocorreu na última terça-feira (10), em Praia Grande. Batizada com uma dose de ironia, a "Operação Gato Molhado" mirou uma obra em andamento. No local, os agentes da companhia não encontraram um simples vazamento, mas uma fraude engenhosa: o hidrômetro, o "delator" oficial do consumo, havia sido ardilosamente manipulado para não registrar o volume real de água que abastecia o canteiro.

A ligação clandestina foi imediatamente desfeita. Mas a história não termina aí. O caso foi devidamente protocolado na Delegacia da Polícia Civil, e a conta, mais cedo ou mais tarde, chegará. E não será pequena. "Estimamos que essa fraude específica poderia gerar um prejuízo de R$ 150 mil ao longo de um ano", calcula Gabriel Seibarauskas, coordenador de apoio às operações especiais da Sabesp. O valor, segundo ele, será cobrado retroativamente do proprietário do imóvel.

Este não foi um ato isolado. No início do mês, em 2 de junho, um cenário semelhante foi descoberto no Guarujá, onde um prédio em construção também bebia diretamente da rede, sem pagar a conta. O método foi o mesmo, e o destino também: a irregularidade foi removida e o caso, encaminhado às autoridades.

O reforço nas equipes de fiscalização e o novo arsenal tecnológico são as armas da Sabesp para virar o jogo. O objetivo, no entanto, vai além de estancar a sangria financeira. O furto de água em grande escala, especialmente por grandes consumidores como obras e estabelecimentos comerciais, gera um efeito dominó perverso. Enquanto o fraudador desfruta de um recurso farto e gratuito, seus vizinhos, que pagam suas contas em dia, podem sofrer com interrupções e baixa pressão na rede, principalmente em períodos de maior demanda. É a socialização do prejuízo.

Para os autores do delito, a aparente economia pode custar a liberdade. A prática é tipificada como crime no artigo 155 do Código Penal Brasileiro. Dependendo dos agravantes, a fraude pode ser enquadrada como furto qualificado, com penas que variam de multa até oito anos de reclusão. Para os "gatos", o sinal está fechado e a fatura, prestes a chegar – e não é apenas a de água.

A população, por sua vez, é convidada a ser os olhos da fiscalização. Qualquer suspeita de fraude pode ser denunciada de forma anônima e segura pelos canais oficiais da companhia, que incluem o telefone 0800 055 0195, o WhatsApp (11) 3388-8000 e a Agência Virtual no site da Sabesp.


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