"Sorriso de Fachada": Polícia descobre falso dentista atuando em estúdio clandestino em Santos

Estética do crime: homem de 38 anos é flagrado com consultório odontológico improvisado e materiais ilegais em plena atividade no bairro Rádio Clube

Materiais odontológicos e estéticos apreendidos no falso consultório em Santos, onde o suspeito realizava procedimentos sem habilitação profissional. Foto: Reprodução/Redes Sociais.

Em um caso que desafia os limites da audácia e põe em risco a saúde pública, um homem de 38 anos foi detido na tarde de segunda-feira (09) por exercer ilegalmente a profissão de dentista em um estúdio improvisado no bairro Rádio Clube, em Santos. A ação, liderada por agentes do 5º Distrito Policial da cidade, resultou na apreensão de diversos materiais odontológicos e estéticos, além de farto material de propaganda destinado a atrair incautos pacientes para o consultório clandestino.

A operação teve início após investigações de campo conduzidas pela Polícia Civil, que já monitorava movimentações suspeitas no endereço. Com base nas informações levantadas, os policiais se dirigiram ao local, que à primeira vista se apresentava como um simples estúdio, mas, ao adentrar o imóvel, encontraram um verdadeiro consultório odontológico montado sem qualquer respaldo legal.

Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), o falso profissional exercia procedimentos típicos da odontologia com aparente destemor, desconsiderando por completo os riscos implicados à saúde dos pacientes e o rigor exigido pela legislação. Entre os itens apreendidos, estavam seringas, brocas, moldes, resinas, luvas, máscaras e até produtos anestésicos. O ambiente, embora equipado, não atendia aos padrões de higiene e fiscalização determinados pelos órgãos competentes.

Ainda no local, os agentes encontraram banners e panfletos com promoções e promessas de "sorrisos perfeitos", "clareamentos de última geração" e "lentes de contato dentárias acessíveis". A investigação agora busca apurar quantas pessoas foram atendidas e se houve complicações médicas decorrentes dos procedimentos executados.

Apesar da gravidade do crime, o homem foi encaminhado à delegacia, onde assinou um Termo Circunstanciado por exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica — infração prevista no artigo 282 do Código Penal Brasileiro — e foi liberado em seguida. 

A prática do exercício ilegal da profissão é uma ameaça constante à população e representa um grave atentado à segurança sanitária. O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) deverá ser acionado para colaborar com a identificação de eventuais vítimas e a avaliação técnica dos instrumentos apreendidos. O órgão também poderá ingressar com ações paralelas junto ao Ministério Público para coibir práticas semelhantes.

Casos como este acendem o alerta sobre a banalização das profissões da saúde e a crescente exposição de cidadãos a riscos desnecessários em busca de tratamentos estéticos com preços atrativos. O apelo ao "barato que sai caro" continua a encontrar espaço em áreas periféricas e de maior vulnerabilidade econômica, onde o acesso a serviços odontológicos regulares é muitas vezes limitado.

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