Ocorrência no fim da tarde de sábado, no bairro José Menino, reacende críticas à sinalização e ao controle de velocidade do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT)
Por pouco, o passeio de fim de tarde não terminou em tragédia mais grave. Às 17 horas deste sábado (12), um homem de 29 anos foi atingido pelo Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) no trecho entre o Porto e Barreiros, na altura da Rua Alfredo Ximenes, bairro José Menino. Segundo o Corpo de Bombeiros, o impacto arremessou a vítima a poucos metros do ponto de colisão, obrigando a rápida mobilização do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central, o pedestre permanecia em observação sem risco de morte até o fechamento desta edição.
O incidente não chegou a interromper a circulação do VLT por período prolongado, mas bastou para escancarar aquilo que moradores, urbanistas e usuários reclamam há meses: a convivência entre pedestres e o modal ferroviário ainda engatinha em matéria de segurança. Embora o sistema opere comercialmente desde 2016 e transporte, em média, 45 mil passageiros por dia útil, as interseções em nível — especialmente nos bairros populosos da Zona Intermediária de Santos — continuam sendo pontos críticos.
Testemunhas relataram que, naquele momento, o fluxo de banhistas rumo à praia era intenso. “Há sinalização horizontal, mas quem anda a pé acaba se distraindo. Faltam grades de contenção e agentes orientando a travessia”, comentou a professora aposentada Lúcia Silva, que aguardava o VLT na plataforma oposta. Vídeos que circularam nas redes sociais mostram passageiros descendo ainda assustados ao observar a vítima imóvel às margens da via férrea.
Este Blog procurou, via e-mail, a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), responsável pela fiscalização do modal, para esclarecer se há estudos de readequação dos cruzamentos ou revisão de velocidade nos trechos urbanos. Até a publicação deste texto, não houve retorno. O silêncio da agência irrita movimentos de mobilidade ativa, que veem no VLT um aliado do transporte sustentável, mas classificam como “negligência crônica” a demora em corrigir gargalos de segurança.
Enquanto isso, o jovem atropelado tenta se recuperar do susto. Segundo a equipe médica da UPA Central, ele sofreu escoriações no braço direito e uma contusão leve no tórax, sem fraturas. Recebeu medicação, passou por exames de imagem e foi liberado até o início da madrugada. O nome não foi divulgado.
A vida, porém, não pode seguir como se nada tivesse ocorrido. Além do prejuízo psicológico individual, cada ocorrência pressiona o sistema público de saúde, afeta a pontualidade do serviço e alimenta a sensação de insegurança em um modal concebido justamente para qualificar a mobilidade urbana. Sem respostas céleres de Artesp e do operador do VLT, a população segue entre a pressa do cotidiano e o medo de que o próximo apito sobre os trilhos.
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