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Santos FC afunda nas próprias contas: déficit de quase R$ 43 milhões escancara descontrole financeiro

Clube supera previsão de rombo no segundo trimestre e corre contra o tempo para estancar crise que ameaça comprometer 2025 inteiro

Vila Belmiro, palco das glórias do Santos, hoje marcada também pela crise financeira que ameaça o futuro do clube. Foto: Reinaldo Campos/Santos Futebol Clube.

O Santos Futebol Clube, símbolo de glórias passadas, enfrenta novamente o fantasma do desequilíbrio financeiro. No segundo trimestre de 2025, o clube registrou um déficit de R$ 42,9 milhões, valor superior ao já preocupante rombo previsto no orçamento para o período, que estimava um saldo negativo de R$ 38,8 milhões. O resultado, divulgado pela diretoria, coloca a gestão santista diante de uma equação insustentável: investir pesado para permanecer competitivo e, ao mesmo tempo, lidar com a fatura cada vez mais alta da própria ousadia.

O prejuízo acumulado no primeiro semestre revela uma variação de 29,51% em relação ao que havia sido projetado no início do ano, ampliando o fosso entre discurso e realidade. A direção do clube anunciou que fará uma revisão orçamentária em novembro, quando deverá decidir quais cortes aplicar para tentar encerrar 2025 sem que as contas mergulhem ainda mais fundo no vermelho.

A justificativa oficial para o desequilíbrio é conhecida: o retorno à Série A do Campeonato Brasileiro exigiu uma reformulação no elenco. Entre janeiro e junho, foram contratados dez atletas, incluindo o retorno de Soteldo, ídolo da torcida que deixou o clube novamente poucos meses depois. A movimentação elevou a folha salarial a patamares insustentáveis. No total, 17 jogadores saíram e oito chegaram na janela de meio de ano. Três contratações — Duarte, Frías e Caballero — demandaram pagamento de direitos econômicos, ampliando o impacto imediato nos cofres.

Apesar do déficit operacional, a balança da janela de transferências fechou em superávit de R$ 54 milhões, resultado das vendas de atletas e da redução dos custos com salários. Estão previstas ainda receitas superiores a R$ 106 milhões com negociações já concluídas, incluindo as saídas de Soteldo, Luca Meirelles, João Paulo e Diego Borges. O problema é que esse tipo de solução emergencial cria um alívio temporário, mas não resolve o quadro estrutural de gastos acima da capacidade real de arrecadação.

O Conselho Fiscal do clube soou o alarme e apresentou uma lista de recomendações que expõem o tamanho da desorganização administrativa. Entre as medidas sugeridas estão a redução da folha salarial de acordo com receitas já garantidas, maior utilização de jogadores formados na base, revisão de contratos administrativos, corte de serviços terceirizados considerados pouco estratégicos, priorização de acordos trabalhistas e tributários, renegociação de dívidas com juros menores, além da criação de um comitê permanente de controle financeiro com reuniões mensais.

Essas propostas não são novidade: vêm sendo repetidas em relatórios há anos, mas raramente aplicadas de maneira consistente. A insistência em ignorar tais alertas explica, em parte, por que o Santos vive ciclos de endividamento, mesmo em temporadas de maior arrecadação.

O cenário atual lança dúvidas sobre a capacidade do clube em cumprir compromissos e manter-se competitivo dentro de campo. Sem equilíbrio financeiro, a margem para investir em infraestrutura, categorias de base e até mesmo em reforços estratégicos torna-se cada vez menor. O risco é de que o Santos permaneça refém de um modelo de gestão baseado em contratações de impacto e vendas apressadas de jogadores, sem um plano sólido para garantir sustentabilidade a longo prazo.

Com a promessa de revisar o orçamento em novembro, a diretoria terá poucos meses para transformar recomendações em prática e apresentar à torcida um caminho crível para sair do atoleiro. O desafio não é apenas contábil, mas de credibilidade. Afinal, enquanto as contas não fecham, o prestígio de um dos clubes mais vitoriosos da história do futebol mundial segue sendo corroído pelo descuido administrativo.


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