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Tensão aumenta em São Vicente: Greve na educação chega ao terceiro dia sob acusações mútuas

Sindicato denuncia repressão e intimidação contra servidores, enquanto Prefeitura alega descumprimento de ordem judicial e paralisação de escolas

Manifestação de servidores da educação de São Vicente reúne trabalhadores em frente ao Paço Municipal durante greve da categoria. Foto: Divulgação/Sintramem.

A greve dos profissionais da educação municipal de São Vicente adentra seu terceiro dia nesta segunda-feira (7), com a mobilização marcada por um cenário de crescente tensão e acusações entre o sindicato da categoria e a administração municipal. Um novo ato está agendado para as 8h em frente ao Paço Municipal, sinalizando a continuidade do impasse.

O movimento grevista, que engloba professores e outros trabalhadores do magistério, ganhou contornos mais acirrados após incidentes ocorridos na última sexta-feira (4). O Sindicato dos Trabalhadores no Magistério e na Educação Municipal de São Vicente (Sintramem) relata que manifestantes foram alvo de ações truculentas durante um protesto. Segundo a entidade sindical, uma professora sofreu uma fratura no pé, supostamente em consequência de um atropelamento, enquanto outros servidores teriam sido atingidos no rosto por spray de pimenta, que teria sido lançado por um motorista.

Diante desses relatos, o clima entre os grevistas e a gestão municipal deteriorou-se. Roberto Cicarelli Filho, presidente do Sintramem, aponta um aumento nos casos de perseguição e ameaças de instauração de processos administrativos contra os participantes da paralisação. "O desespero está do lado da administração. Estão fazendo listas de grevistas, ameaçando retirar direitos e tentando enfraquecer o movimento. Isso só mostra que o movimento está forte", declarou Cicarelli Filho, interpretando as ações como uma tentativa de intimidação por parte da prefeitura.

Como resposta à escalada das denúncias, o Sintramem implementou uma central exclusiva para que os profissionais da educação possam reportar, sob garantia de sigilo, eventuais casos de assédio, perseguição ou outras irregularidades ocorridas nos ambientes de trabalho. As informações coletadas através de um formulário online, disponível na página oficial do sindicato, serão encaminhadas ao setor jurídico da entidade para análise e providências. "O sindicato não ameaça, o sindicato faz. Jamais toleraremos essa situação. Estamos ao lado dos trabalhadores contra uma administração que os massacra", afirmou o presidente do sindicato, reforçando o posicionamento combativo da entidade.

A raiz do conflito reside, principalmente, na proposta de reajuste salarial apresentada pela prefeitura, considerada insatisfatória pela categoria. O aumento ofertado de R$ 0,80 por hora-aula foi o estopim para a mobilização. Além da questão salarial direta, os servidores reivindicam a elevação do valor da cesta básica dos atuais R$ 400,00 para R$ 805,84 e o reajuste do auxílio educação de R$ 250,00 para R$ 700,00, entre outras demandas relacionadas às condições de trabalho e valorização profissional.

Contraponto da Administração Municipal

Por outro lado, a Prefeitura de São Vicente, por meio de nota oficial, apresenta uma versão distinta dos fatos e critica a condução da greve pelo Sintramem. A administração municipal sustenta que o sindicato está desrespeitando uma ordem judicial que determina a manutenção de 70% do efetivo de servidores em atividade durante o período de paralisação. Segundo a prefeitura, esse descumprimento tem levado à interrupção completa das atividades em diversas unidades escolares do município.

Embora a nota da prefeitura não aborde diretamente as alegações de violência ocorridas na manifestação de sexta-feira ou os relatos de perseguição aos grevistas, a gestão municipal informa ter recebido, via ouvidoria, múltiplas denúncias de pais de alunos. Essas queixas se referem a servidores que estariam dispensando crianças das salas de aula sem amparo legal, prática que a prefeitura classifica como potencialmente abusiva e que será objeto de investigação.

"A administração municipal entende que o direito à greve é legítimo desde que cumpra com o determinado pela justiça, o que não vem sendo cumprido pelo sindicato", afirma o comunicado oficial. A prefeitura reitera que continuará fiscalizando a prestação dos serviços educacionais para evitar prejuízos aos alunos e suas famílias, conforme suas obrigações legais.

A gestão municipal finaliza a nota reforçando sua disposição para o diálogo e a negociação, mas acusa o sindicato de intransigência. "Porém, o sindicato não compareceu à audiência de reconciliação e segue em um processo de desinformação, orientando professores a não cumprirem ordens judiciais e divulgando informações falsas nas redes sociais", conclui o texto da prefeitura.

O impasse entre os servidores da educação e a administração municipal de São Vicente segue, portanto, sem solução aparente, com a greve mantida e as partes trocando acusações, enquanto a comunidade escolar aguarda um desfecho para o conflito.



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